Em um futuro próximo, o escritor Theodore apaixona-se por Samantha, um sistema operacional dotado de inteligência artificial que aprende a fazê-lo feliz. A trama do filme “Ela” aponta para um horizonte em que os sistemas passam a “agir” como humanos. Aos poucos, esse tipo de interação começa a virar realidade. Embora assistentes virtuais como o Siri, da Apple, ainda tenham um longo caminho a percorrer, o volume de dados armazenados nas redes sociais pode ajudar no desenvolvimento de plataformas mais humanizadas.
Essa abundância de informações sobre os usuários, segundo o professor Alexandre Evsukoff, do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é analisada e filtrada por ferramentas de inteligência artificial (IA). É a partir desses dados que um sistema pode recomendar um livro ou até uma ação para o usuário comprar na bolsa. As aplicações da inteligência artificial são as mais diversas: ela pode ser usada para prever um desastre natural ou antecipar um padrão de busca em sites na internet. Hoje, cerca de 900 companhias atuam no setor de IA no mundo, segundo a empresa de pesquisa Venture Scanner.
Gigantes da tecnologia como Google, Facebook, Microsoft e Amazon dedicam cada vez mais investimentos à área. Segundo a CB Insights, os investimentos em startups do setor de IA cresceram 588% em cinco anos, atingindo US$ 310 milhões no ano passado. Nos últimos anos, a inteligência artificial tem gerado grande expectativa, graças a produtos como carros que dirigem sozinhos e robôs que reagem a comandos de voz.
Trajetória
O termo inteligência artificial foi cunhado há 60 anos, em 1956, pelo cientista John McCarthy, que faleceu no começo deste ano. Na época, a ciência da computação era baseada apenas em lógica. O programador ensinava, passo a passo, como a máquina resolveria um problema. Ou seja: o ser humano conhecia a fórmula para alcançar determinado resultado, mas programava um computador para que este processo fosse otimizado.
O grande salto da tecnologia veio nos anos 1990, quando a comunidade dedicada à inteligência artificial substituiu a abordagem lógica pela estatística. Com o uso de algoritmos, a máquina passou a analisar dados para chegar a uma conclusão própria – processo denominado como “aprendizado de máquina”. “Ao mostrar ao computador exemplos de como um problema é resolvido, ele começa a aprender. E procura meios de chegar a uma solução”, diz o professor do Departamento de Computação da Universidade Federal de São Carlos, Estevam Hruschka Junior.