Carro autônomo do Uber que atenderá passageiros em Pittsburh| Foto: ANGELO MERENDINO/AFP

A empresa de transporte Uber lançará nesta quarta-feira (14) um serviço de aluguel de carros sem motorista, um passo que pode revolucionar o setor.

CARREGANDO :)

Em uma experiência ambiciosa, uma pequena frota de quatro veículos dotados com tecnologia laser, câmeras e outros tipos de sensores, mas sem motorista ao volante, sairá às ruas de Pittsburgh, no estado da Pensilvânia, e estará a disposição dos clientes habituais do Uber. A cidade se tornou conhecida por ter se convertido em um polo de desenvolvimento para as novas tecnologias na costa leste do país.

Leia mais sobre inteligência artificial e novas tecnologias

Publicidade

Em um ensaio para a imprensa na terça-feira, os veículos circularam com facilidade na cidade com tráfego intenso.

Autonomia com apoio

Os veículos autônomos e seu suporte tecnológico foram testados por dois anos no complicado trânsito de Pittsburgh, e as demostrações prévias a seu lançamento revelaram que são tão capazes de enfrentar situações como qualquer motorista.

GALERIA DE FOTOS: Conheça o sistema de carros autônomos do Uber

Mas por medida de segurança, em um primeiro momento, os passageiros não estarão sozinhos a bordo: um técnico se sentará no banco do motorista sem tocar no volante. Um segundo técnico também estará presente para observar o comportamento do veículo.

A empresa não estipulou prazos, mas espera-se que em pouco tempo só seja necessário um técnico por trás do volante, para intervir em caso de necessidade e cumprir as normas estatais que requerem um motorista no veículo.

Publicidade

O objetivo, contudo, é chegar a zero intervenção e nenhum técnico a bordo, disseram os representantes do Uber.

No topo do setor

Este lançamento coloca o Uber no topo da indústria que desenvolve veículos sem motorista para o público em geral. As principais montadoras contam com programas de desenvolvimento de veículos autônomos, assim como os gigantes da tecnologia Google e Apple.

Alguns fabricantes, inclusive, já contam com carros nas ruas com tecnologia de assistência ao motorista já bastante avançada – a Tela, principalmente.

O próprio Uber se viu superado pela nova empresa de Cingapura, nuTonomy, que no final de agosto colocou seis veículos autônomos nas ruas.

Mas o experimento de Cingapura está até o momento limitado a uma pequena área na bem planificada ilha do sudeste asiático, enquanto o Uber testa seus veículos em toda Pittsburgh, uma das grandes cidades americanas, com morros, estradas estreitas, pontes e rodovias.

Publicidade

O que permitiu ao Uber posicionar-se à frente do setor não foi a engenharia automotora, mas sua capacidade de acumular e processar grandes quantidades de informação sobre as condições do tráfego das milhares de ruas percorridas por seus motoristas.

“Temos um dos grupos de engenharia automotora mais fortes do mundo, assim como a experiência de dirigir uma rede de viagens compartilhadas e de entregas em centenas de cidades”, disse o fundador e diretor-executivo do Uber, Travis Kalanick.

Com e sem motorista

A introdução dos carros sem motorista desafia a imagem que o Uber construiu: um serviço que oferece a milhões de condutores no mundo a possibilidade de ganhar dinheiro levando passageiros, mesmo sem licença de táxi e outras permissões.

A visão do Uber, contudo, é a de um mundo de carros sem motoristas solicitados através do aplicativo. Os veículos autônomos “são centrais na missão da Uber”, diz seu vice-presidente de engenharia, Anthony Levandowski.

Publicidade

Levandowski chegou ao Uber quando a empresa absorveu sua startup Otto, que desenvolve tecnologia autônoma para caminhões comerciais. A companhia faz atualmente testes com seis caminhões sem motorista na Califórnia.

Kalanick diz que o objetivo principal é criar ruas mais seguras. “Os carros autônomos do Uber têm um enorme potencial para cumprir nossa missão e melhorar a sociedade, ao reduzir o número de acidentes de trânsito, liberar até 20% do espaço urbano que atualmente se usa para estacionar e reduzir o congestionamento, que implica em um desperdício de bilhões de horas ao ano”, afirmou.