O ex-hacker norte-americano George Hotz, de 26 anos, tem o que se pode chamar de boas credenciais para peitar gigantes como Google e Tesla na corrida pela tecnologia de carros autopilotáveis. Ele foi o primeiro a piratear um iPhone (ainda em 2007), o primeiro a invadir o poderoso sistema do Sony PS3 (em 2010) e, principalmente, gerou buzz ao revelar um modelo caseiro que transforma carros comuns em semiautônomos.
A demonstração feita em dezembro à Bloomberg de seu “kit de garagem automatizador” lhe rendeu agora US$ 3,1 milhões em investimento da empresa de capital de risco Andreessen Horowitz. O aporte, anunciado nesta semana, dará um novo impulso à Comma, startup de Hotz, para desenvolver sua tecnologia.
O sistema, de acordo com a Bloomberg, modifica o computador de bordo dos carros para que eles sejam capazes de aprender novos comandos – um conceito chamado em inteligência artificial de “deep learning”. O carro usa uma série de câmeras que funcionam como sensores. Algoritmos são capazes de analisar as ações do veículo quando conduzidos por um humano e replicá-las quando estiverem em modo “piloto automático”.
Nos testes, o veículo foi capaz de desviar de obstáculos, se manter centralizado na faixa de rolamento e fazer curvas com precisão.
O mais impressionante, no entanto, é o custo. Em sua apresentação, Hotz disse ter gasto apenas US$ 50 mil (R$ 182 mil) na confecção de seu sistema – deles, US$ 30 mil (R$ 109 mil) foram para comprar o carro-teste, um Acura ILX. Com isso, ele espera levar ao mercado kits a menos de US$ 1 mil (R$ 3,6 mil) – um valor que contrasta com as cifras milionárias envolvidas nos projetos de seus concorrentes.
Para levar adiante o plano, no entanto, Hotz poderá encarar um certo conflito de interesses: ele precisará de acesso aos sistemas utilizados pelas montadoras, que também conduzem projetos de automação. Ironicamente, poderá sobrar ao ex-hacker de sucesso a opção de invadir estes sistemas.
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