Ele pode cantar, dançar, brincar de “pedra papel tesoura” e conversar. Por essas características, o robô humanoide “iPal” foi o destaque de uma feira de tecnologia na Califórnia, Estados Unidos, com a promessa de ser a futura distração de crianças de três a oito anos de idade.
No entanto o robô, que pode entreter os pequenos por horas sem nenhum tipo de supervisão, levantou o debate sobre o limite de transmitir funções humanas à máquinas, fazendo muitos se perguntarem se gostariam que seus filhos fossem “criados” por um dispositivo. As informações são do jornal britânico The Guardian.
Realizada até esta quinta-feira (29) na cidade americana de San Jose, a feira RoboBusiness se intitula “o evento de robótica mais importante do mundo”, e apresenta inúmeros estandes de empresas de desenvolvimento tecnológico. Entre elas a Avatar Mind, cujo fundador Jiping Wang considera o iPal, de criação da companhia, um robô para crianças. “É perfeito para quando as crianças chegam em casa da escola algumas horas antes dos pais chegarem do trabalho”, exemplificou Wang.
Com olhos grandes e dedos funcionais, o robô também possui uma tela touch em seu peito, por meio da qual a criança pode realizar uma chamada de vídeo com seus pais, por exemplo. Além disso, o iPal é capaz de estabelecer uma conversa, respondendo a perguntas e curiosidades. Tais funções se assemelham às atualmente desempenhadas por babás, e preocupações sobre essa modificação de papéis têm sido tema de estudo de um pesquisador do Reino Unido desde 2008.
Tutor de robótica e inteligência artificial na Universidade de Sheffield, Noel Sharkey considera que robôs podem ser uma ótima ferramenta educacional, inspirando as crianças a aprenderem sobre engenharia e ciência. “Mas existem perigos significantes em ter robôs cuidando de nossas crianças. Eles não têm a sensibilidade nem a compreensão necessárias no cuidado com elas”. Para Sharkey, a confiança exacerbada nos ‘serviços robóticos’ pode levar a “inúmeras disfunções de fraternidade e ligações humanas, que podem destruir nossa sociedade”. Sobre o iPal, o professor disse ao The Guardian que considera “horrível”.
Outro lado
Em contradição ao pesquisador, Madeline Duva, conselheira da Avatar Mind, explicou que o robô não substituiria uma babá. “Não é como se você fosse abandonar o seu filho”, argumentou. Quando questionada pelo The Guardian sobre os perigos de um robô que pode ser usado ao invés de humanos, Duva não soube responder: “Essa é uma boa pergunta. Nós não temos uma resposta para isso. Muitos pais deixam iPads nas mãos das crianças para entretê-las, o iPal é mais interativo”.
Testado na China, o robô tem sido um sucesso entre as crianças que o experimentaram, de acordo com o fundador da Avatar Mind, que explica que 80% dos pequenos amaram, 15% não tiveram reação e 5% ficaram assustados.
O iPal já está em produção na China e estará disponível para venda até o fim do ano, segundo Wang. A empresa espera colocar o produto nas lojas dos Estados Unidos em 2017.
Colaborou: Cecília Tümler