A tecnologia de rastreamento de gestos usada por Tom Cruise em sua divisão policial “pré-crime”, no filme de ficção científica Minority Report, que se passa em 2054, chegou à “vida real” bem antes do esperado.
Minúsculos chips de radares criados pela empresa Infineon Techonologies, que contam com algoritmos desenvolvidos pelo Google, têm ajudado dispositivos a detectar com exatidão gestos feitos a vários metros de distância. Os primeiros aparelhos a usarem a tecnologia, chamada, de Soli, são protótipos de um relógio inteligente da LG e um alto-falante da fabricante americana Harman Kardon – os produtos foram mostrados no evento anual de desenvolvedores do Google, na semana passada.
A detecção de gestos já vem sendo usada há um bom tempo, em videogames como o Wii e o Xbox, por exemplo. Os novos chips, no entanto, prometem ser mais precisos. Eles podem detectar movimentos sutis feitos com a mão, como girar o polegar e o dedo indicador ao vestir um relógio – isso, mesmo se o usuário estiver a vários passos de distância do aparelho que estiver fazendo o rastreamento.
“Esta tecnologia vai revolucionar a interação entre humanos e máquinas muito além do que foi visto com as telas sensíveis ao toque dos smartphones ou o reconhecimento de voz”, afirma um dos executivos da Infineon, Andreas Urschitz, responsável pela divisão de multimercados da companhia. “Desde que a humanidade começou a usar ferramentas 2,4 milhões de anos atrás, está é a primeira vez em que as ferramentas se adaptam ao usuário, em vez do contrário”, reforça.
Potencial
A Infineon, que trabalha em parceria com o Google para lançar seus chips em conjunto com softwares da companhia de buscas no ano que vem, espera que a tecnologia traga novas experiências aos usuários e inspire a criação de novos dispositivos – a exemplo da tecnologia touchscreen do iPhone.
Utilizados com o software certo, os chips da Infineon poderão ser capazes de reconhecer pessoas assim que elas entram em uma sala, detectar movimentos feitos com a mão e os dedos a quase cinco metros de distância, e ajudar trabalhadores a conduzir máquinas e equipamentos em linhas de produção de indústrias, prevê Urschitz.
A empresa também espera que a tecnologia Soli possa ajudar a incrementar vendas de dispositivos vestíveis e outros aparelhos inteligentes. A novidade poderia atingir, por exemplo, um mercado de 80 milhões de caixas de som conectadas e 60 milhões de relógios inteligentes.