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Tendência no exterior, uso de robôs na indústria ainda é incipiente no Brasil

 | ThyssenKrupp/Divulgação
(Foto: ThyssenKrupp/Divulgação)

Um dos pilares da chamada indústria 4.0, a utilização de robôs automatizados nas linhas de produção tem movimentado um mercado bilionário no mundo.

Dados da Federação Internacional de Robótica (IFR, da sigla em inglês) divulgados em abril mostram que o número de máquinas vendidas ano passado foi recorde, atingindo a cifra de 240 mil unidades – o que corresponde a um crescimento de 8% em relação a 2014.

Os mesmos números, no entanto, mostram que essa tecnologia ainda está longe de se disseminar no Brasil no mesmo ritmo de outros mercados emergentes.

A China, sozinha, concentrou 27% da demanda global pelos robôs. Considerando outros países asiáticos, como Coreia do Sul, Japão, Taiwan e Tailândia, o percentual sobe para 60%. A Europa e a América do Norte aparecem em seguida entre os principais mercados, enquanto A América Latina e o Brasil nem sequer chegam a ser citados nominalmente no levantamento da IFR.

Outro estudo anterior do órgão, porém, mostrou que, em 2014, havia 9,5 mil robôs industriais em operação nas plantas brasileiras, número que deve dobrar para 18,3 mil em 2018.

A estimativa pode soar favorável, mas vista em um contexto mais amplo destaca o abismo que há entre a utilização dessas máquinas por aqui e no resto do mundo. A previsão é que na China, por exemplo, o número de robôs em operação salte de 189,3 mil em 2014 para 614,2 mil em 2018.

Entre 13 países analisados pela IFR, o Brasil amarga a penúltima colocação na adoção das máquinas, quase empatado com a República Tcheca.

Os robôs, por si só, não tornam uma indústria mais inovadora ou produtiva. Mas são considerados por analistas e empresários como peças fundamentais no processo de digitalização e automação das linhas de produção, visto como um caminho sem volta para as indústrias, independente do porte ou atividade.

Naturalmente, as máquinas exigem investimento e adaptação do parque fabril – o que, num período de crise econômica e falta de confiança, são barreiras vultuosas.

“O primeira entrave é o cenário político-econômico. É difícil investir quando não se sabe exatamente o que vai acontecer no curto ou médio prazo”, resume o diretor da Divisão de Automação Industrial da Siemens no Brasil, Pablo Roberto Fava. “Um segundo problema é o custo. O mesmo investimento que um cliente nosso tem que fazer no Brasil é muito menor se realizado em outro país, por questões fiscais como o imposto de importação”, completa.

O diretor-executivo de Tecnologia da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), João Delgado, lembra que já há empresas nacionais dedicadas ao desenvolvimento de softwares e componentes voltados para a manufatura avançada – o “grosso” da tecnologia, no entanto, ainda é de origem estrangeira.

Para Delgado, tão importante quanto maquinário é o investimento em capital humano capaz de fazer a programação e integração de todas essas inovações, físicas e virtuais. “Com essa ‘bagunça’ toda no Brasil a gente perde muito, estamos com investimento zero. Mas não tenho dúvidas de que ao menos todos (os industriais) já perceberam que industria 4.0 é algo menos místico do que parece, e mais factível do que as pessoas pensavam”, reforça.

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