Em fevereiro, a intenção futura do consumidor brasileiro de compras de bens duráveis para os próximos meses foi a melhor em 33 meses. A informação é do coordenador de Sondagens Conjunturais do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), Aloísio Campelo.
Do total de pesquisados para o cálculo do Índice de Confiança do Consumidor (ICC), em um universo de mais de 2.000 domicílios pesquisados, a parcela de consumidores entrevistados que apostam em elevar o volume de compras de duráveis, como automóveis e geladeiras, subiu de 17,4% para 17,9% de janeiro para fevereiro. No mesmo período, diminuiu de 33% para 28% a fatia de consumidores que apostam em reduzir a quantidade de compras com bens duráveis, no mesmo período. Segundo Campelo, a melhora nas expectativas de compras de bens duráveis foi a principal responsável pela alta de 0,8% no Índice de Confiança do Consumidor (ICC) em fevereiro contra janeiro.
Para o especialista, o comportamento favorável nas expectativas de compras de bens duráveis foi beneficiado por dois fatores. O primeiro deles foi a melhora nas estimativas futuras do consumidor para as finanças familiares. Ele explicou que, ao longo de 2010, o consumidor manteve seu orçamento apertado devido a um aumento expressivo no número de compras a prazo, que foram estimuladas pelo governo, devido à redução e isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em automóveis e em eletrodomésticos. Mas, aparentemente, o ciclo de endividamento do consumidor parece ter terminado em fevereiro. Na prática, o brasileiro começa a finalizar seus compromissos de débito a prazo e encontra recursos em seu orçamento para novas compras de duráveis, nos próximos meses. "As expectativas quanto às finanças familiares no futuro foram, em fevereiro, as melhores desde setembro de 2005", afirmou.
O outro fator que também impulsionou a melhora na intenção de compras de duráveis foi a continuidade dos sinais favoráveis no mercado de trabalho. Campelo observou que um mercado de trabalho positivo conduz a aumentos crescentes na renda do trabalhador, o que estimula o consumo.
Na avaliação do economista, estes dois fatores foram suficientes para conter, em parte, o impacto negativo no ICC de outros dois tópicos: os aumentos das taxas de inflação e de juros projetadas pelo consumidor para os próximos meses. A taxa de inflação estimada pelo consumidor para os próximos 12 meses saltou de 6,7% para 6,8% de janeiro para fevereiro, a mais elevada projeção desde maio de 2009 (6,9%). Já a fatia que prevê alta de juros nos próximos meses aumentou de 62,2% para 64%, no mesmo período.