Implantado há dois anos, o programa de internet wi-fi gratuita da prefeitura de Tibagi, na região dos Campos Gerais, tem sido uma alternativa interessante para moradores que teriam dificuldades em pagar as mensalidades de um serviço privado, mas algumas limitações precisam ser resolvidas. Basta comprar uma antena e um receptor, o que representa um custo de aproximadamente R$ 300 para ter acesso à internet na cidade. No entanto, a dificuldade para baixar arquivos pesados e a demora no acesso têm causado incômodo aos usuários.
O município foi um dos pioneiros em oferecer internet gratuita para a população, e é citado com frequência como um exemplo para as demais cidades. Hoje mais de 50 municípios do estado têm ou estão implementando projetos desse tipo, de acordo com levantamento do movimento Nós Podemos Paraná, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), que tem uma ação voltada para fomentar a criação das "cidades digitais". "Cada vez mais a internet está sendo vista pelos gestores municipais como um serviço público", diz Maria Aparecida Zago Udenal, coordenadora Nós Podemos Paraná.
Uma das vantagens do sistema de internet gratuita é levar a web a regiões que não teriam acesso pelas operadoras privadas. Tibagi, por exemplo, é o segundo maior município em extensão territorial do Paraná (cerca de 3 mil quilômetros quadrados), e cerca de 70% dessa área está coberta pelo sinal do programa, que chega através de uma fibra ótica cedida pela Companhia Paranaense de Energia (Copel) e é distribuído por meio de seis torres.
"Nosso diferencial está, justamente, na extensão da cobertura, nos benefícios que conseguimos levar para as comunidades rurais. A maioria das outras cidades que dispõem do serviço acaba limitando o acesso à área central apenas", afirma Ari Osvaldo Araújo, gerente de Tecnologia da Informação (TI) da prefeitura de Tibagi.
Proprietário de uma das duas lojas de informática do município, Alisson Lopes vendeu os kits (antena e receptor) para a maioria dos cerca de 460 usuários do serviço na cidade. "O serviço tem sido de grande importância para as localidades que ficam distantes da sede. Tenho clientes que não têm nem telefone, mas conseguem emitir notas fiscais eletrônicas, efetuar pagamentos sem precisar de deslocamento", diz. No entanto, ele prefere não usar o serviço na loja. "No meu caso não compensa, porque tenho de baixar alguns programas mais pesados", afirma.
A velocidade da conexão do "Tibagi sem Fronteiras" é limitada em 300 kbps por usuário. No entanto, a qualidade varia dependendo do horário. Usuária do serviço desde o início, há dois anos, Rosane Aparecida de Camargo de Oliveira convive com a demora. "Precisa ser uma pessoa paciente para conseguir usar. Nos finais de semana, leva até meia hora só para fazer a conexão. Eu acesso pouco, normalmente uma vez por semana, para ver alguma notícia, pegar a receita de algum programa de TV que não consegui anotar na hora. Mas, se for para fazer alguma coisa com pressa, não dá muito certo", conta.
Programa
Em geral, os programas municipais de internet gratuita exigem contrapartidas dos cidadãos, como o pagamento em dia do IPTU ou ter os filhos matriculados na escola, no caso de famílias com crianças em idade escolar. Araújo afirma que em Tibagi o programa exigiu investimento de aproximadamente R$ 150 mil. "Além desse valor, que consideramos baixo, temos um custo mensal de R$ 5,3 mil. Caso os usuários tenham carro, exigimos que ele tenha placas de Tibagi, para que parte do Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) possa ser revertida ao programa", diz.