O Brasil tem a pior oferta de internet, mas é um dos países com maior potencial de crescimento desta área entre 13 países pesquisados pela consultoria McKinsey Global Institute, que realizou um estudo sobre o impacto da internet no crescimento da economia e na geração de empregos. O estudo revela ainda que a internet responde por 3,4% de toda a atividade econômica das nações pesquisadas, que representam juntas mais de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Além do Brasil, a pesquisa foi feita no Reino Unido, Japão, Estados Unidos, Alemanha, França, Canadá, Itália, Rússia, China, Suécia, Índia e Coreia do Sul.
A participação da internet no PIB brasileiro é menor do que a média mundial no Brasil, apenas 1,5% do PIB é composto pela atividade virtual. Só na Rússia a internet tem uma participação inferior ao Brasil: 0,8%. Na outra ponta da tabela está a Suécia, com 6,3% do PIB vindo da internet. Por essa diferença ser tão grande, porém, o estudo salienta que, devido à força da economia brasileira, há uma tendência de que a participação da internet no PIB aumente nos próximos anos.
Avaliação
Entretanto, o Brasil tem muitos desafios pela frente, já que atualmente possui a pior oferta de internet entre os países pesquisados. O índice médio do Brasil, calculado pela McKinsey Global Institute, é de 28 os Estados Unidos lideram com 76 em uma escala de 0 a 100. A pior nota do Brasil (14) é no quesito "capital financeiro", e a melhor em "infraestrutura" (oito países tiveram índice 60, a nota máxima, e o Brasil tem 39, à frente de Rússia, Índia e Itália).
Outro dado da pesquisa mostra que, para cada emprego destruído com o advento da internet, 2,6 novas vagas foram geradas. O estudo toma como base uma análise da economia francesa: embora tenham sido fechadas 500 mil vagas nos últimos 15 anos por causa da internet no país, 1,2 milhão de novos empregos foram criados na França. "Esta conclusão é corroborada pela pesquisa da McKinsey PME global, que encontrou 2,6 novos empregos para cada um destruído", explica a pesquisa.
Controvérsias
Apesar desse incremento de novos empregos, há quem acredite que o advento da internet não tenha dado grande contribuição para a geração de renda e qualidade de vida em comparação com outras revoluções, como o surgimento da energia elétrica e a popularização dos automóveis, por exemplo. O professor de Economia da Universidade George Mason (EUA) Tyler Cowen, em artigo no jornal americano The New York Times (publicado pela Gazeta do Povo em 6 de março), afirmou que computadores pessoais e smartphones trouxeram benefícios, mas não acrescentaram renda aos americanos. "Em comparação com o amplo progresso obtido em décadas passadas, quando o mundo moderno foi de fato construído, as ideias atuais parecem beneficiar um número relativamente pequeno de indivíduos. Se a alta nos rendimentos continuasse no ritmo anterior a 1973, por exemplo, a renda familiar média do norte-americano seria de US$ 90 mil ao ano, contra os atuais US$ 50 mil", escreveu no artigo.
Citando o livro de Cowen The Great Stagnation ("A Grande Estagnação", inédito no Brasil), o colunista do The New York Times David Brooks compara a geração de empregos da indústria automotiva com a das empresas da internet. Enquanto foram criados milhões de novas vagas com a popularização dos carros, escreve Brooks, o Facebook emprega 2 mil pessoas; o Twitter, 300; e o eBay, cerca de 17 mil. "São necessários apenas 14 mil funcionários para fabricar e vender iPods, um equipamento que ajuda a acabar com a ocupação das pessoas que fabricam e vendem CDs o que significa que ele provavelmente gera perdas no mercado de trabalho. Como bem observa Cowen, muitas das inovações tecnológicas atuais produzem um enorme ganho de felicidade, mas pouquíssima atividade econômica", ressalta, em outro artigo.