A primeira linha de impressão 100% brasileira da Interprint, multinacional alemã especializada na produção de papéis decorativos, entrou em operação há dois meses, depois de 14 meses de obras. Instalada em uma área de 70 mil m² em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, o parque gráfico é fruto de um investimento de 30 milhões de euros (aproximadamente R$ 113,7 milhões) da empresa, que há quatro anos escolheu o Brasil como base de operações para atender toda a América Latina.
O papel fabricado na unidade é destinado ao revestimento de painéis de madeira e pisos laminados produzidos pela indústria moveleira e bastante utilizados pelo setor de decoração de interiores. São cerca de 6 mil desenhos, de diferentes cores e tonalidades. Uma segunda linha de impressão entrará em funcionamento daqui a dois meses, ampliando a capacidade de produção da gráfica para 90 milhões de m² por ano.
Nos planos da empresa está ainda a instalação de um canal de impregnação – processo pelo qual se adicionam resinas ao papel impresso, deixando-o mais forte, flexível e resistente – até dezembro próximo, com potencial para imprimir 60 milhões de m² por ano.
Com a inauguração da linha fabril – a 8.ª do grupo no mundo e a primeira da América Latina –, a Interprint ganha escala de produção e reduz consideravelmente o tempo de entrega, tornando o seu produto mais competitivo no mercado. Metade da produção vai atender a encomendas do polo moveleiro brasileiro, principalmente nos estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Paraná.
Sem crise
O restante será exportado para países como Colômbia, Chile, Peru, Equador e Argentina, entre outros. A previsão, segundo a diretora-geral comercial e marketing da Interprint no Brasil, Lourdes Manzanares Irabien, é faturar R$ 35 milhões nos próximos 12 meses com o início das operações na fábrica. Isso mesmo com a situação de recessão da economia brasileira e em um momento em que a indústria nacional passa pela mais forte desaceleração dos últimos seis anos.
“Estamos conscientes de que todos os países, inclusive o Brasil, atravessam um momento econômico difícil, mas a Interprint não é uma empresa que faz investimentos a curto prazo. A fábrica é o início de um plano de desenvolvimento de longo prazo no mercado latino-americano. Nos próximos dez anos, a América Latina será uma das regiões com o maior crescimento social e econômico do globo e seria um erro não ter participação ativa nesse processo”, afirma Lourdes.
A valorização do dólar ao mesmo tempo em que a multinacional concluiu a construção da gráfica no Brasil impulsionou as vendas externas da Interprint. Por outro lado, onerou os custos de fabricação.
“Parte importante dos nossos insumos é importada e os custos aumentaram na mesma proporção. Mas o fato de hoje exportarmos 50% da nossa produção nos permite ter uma posição privilegiada para enfrentar essa instabilidade cambial”, diz a executiva.