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O Banco Central fez uma intervenção de US$ 90 bilhões no mercado de câmbio para evitar grandes oscilações na cotação do dólar ao longo dos últimos 12 meses até junho. Desde meados do ano passado, o BC despejou bilhões de dólares por meio de operações complexas chamadas de swap cambial. Na prática, esses contratos de swap ampliam a oferta de dólares no mercado, o que ajuda a definir a cotação da moeda. Quanto mais operações desse tipo o BC faz, maior a pressão para baixar o preço do dólar em relação ao real.

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Em sua política de "ração diária" ao mercado, o BC oferece e retira dólares do mercado. A diferença disponível, justamente esse volume de US$ 90 bilhões, dá a medida da âncora que impede oscilações e movimentos mais bruscos do dólar. Desde junho de 2013, o BC ofereceu US$ 186 bilhões ao mercado. Parte desse dinheiro, ou exatamente US$ 96,7 bilhões, foi retirada em outras operações pelo BC.

Maior intervenção

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Esta é a maior intervenção desse tipo já feita pelo Banco Central. Nem mesmo na primeira eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, quando a cotação do dólar bateu em R$ 4, o BC realizou uma operação desse tamanho. "Em 2002, o BC não tinha tanta munição. Hoje, ele pode colocar um caminhão de swap porque tem um caminhão de reservas", diz o economista Alexandre Schwartsman, ex-diretor do Banco Central. Há 12 anos, quando Lula foi eleito, o BC havia irrigado o mercado com US$ 40 bilhões.

Inflação

Especialistas ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, afirmam que a inflação próxima do teto da meta estabelecida pelo governo, de 6,5% ao ano tem levado o BC a usar todas as ferramentas que dispõe para segurar o custo de vida. A cotação da moeda, avaliam, tem impacto em preços importantes, como gasolina, trigo e outros itens relevantes no consumo diário das famílias.

"O câmbio tem importância para a inflação, não há dúvidas. A atuação do BC, de desvalorizar a moeda frente ao real, traz implicações para o custo de vida", diz o economista-chefe do banco J. Safra, Carlos Kawall.

Faixa de cotação

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Para analistas, o objetivo não declarado do Banco Central seria manter, sem grandes oscilações, a cotação do dólar em uma faixa entre R$ 2,20 e R$ 2,30. Nos cálculos de José Roberto Carreira, economista da Fair Corretora, se não fossem as operações de swap do BC, a cotação do dólar em relação ao real estaria entre R$ 2 35 e R$ 2,40. "A intenção é claramente segurar a inflação com o dólar. Se estivesse vendendo dólar físico, já teria gasto US$ 90 bilhões para atingir esse objetivo", diz.

Outros países

Crítico da atual política econômica, Alexandre Schwartsman fez um comparativo entre países semelhantes ao Brasil, com o mesmo tripé econômico (câmbio flutuante, meta de inflação e meta fiscal) para reforçar sua tese de que a queda da volatilidade cambial não está estreitamente vinculada às operações de swap.

No Peru, Chile, México e na Colômbia, segundo ele, o dólar disparou a partir do ano passado, quando o Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA) começou a fazer a retirada de estímulos à economia americana. No entanto, passado esse momento, o cenário se tornou menos instável, com pouca variação do dólar, mesmo em países que não fizeram intervenções.

"Até quem não tem feito intervenções registrou queda da volatilidade (oscilações de mercado)", afirma. "Tudo isso significa que a redução da volatilidade é muito mais um fenômeno global do que motivado pelo Banco Central brasileiro", afirma. "Quando a volatilidade acabou, o BC continuou com as intervenções. Isso sugere que a intenção foi manter o dólar mais barato frente o real."

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Kawall faz avaliação semelhante. "Se olharmos a oscilação de outras moedas frente ao dólar, teremos algo parecido com o que ocorreu no Brasil", diz. "A atuação do BC não é o único determinante da cotação do dólar. O cenário externo também influenciou o movimento do câmbio no País."