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Invasão jovem no campo corporativo

 | Mel Gabardo / Gazeta do Povo
(Foto: Mel Gabardo / Gazeta do Povo)

O maringaense Bruno do Val Jorge tinha 19 anos quando abriu a própria empresa de publicidade indoor, no retorno de um intercâmbio no Canadá. Hoje, com 28, e depois de passar por seis cargos em quatro empresas diferentes, ele é gerente de marketing de uma instituição de ensino e integra um grupo de profissionais que vem crescendo a olhos vistos no mundo corporativo, formado por jovens que assumem cargos de liderança cada vez mais cedo.

VÍDEO: Veja um vídeo que mostra tendências para os jovens gestores

Segundo especialistas em recrutamento de executivos, esses jovens têm entre 28 anos e 32 anos, possuem pleno domínio da internet e das novas tecnologias e estão em busca de qualificação constante. "São pessoas dinâmicas, que gostam de movimento e não conseguem ficar paradas por muito tempo", avalia Mariciane Gemin, sócia-gerente da Asap, consultoria especializada em recrutamento de executivos de média gerência.

Na visão dela, o apagão de profissionais qualificados no mercado de trabalho, somado à grande oferta de oportunidades fez com que os jovens assumissem cargos de gestão mais cedo. Contudo, a liderança não veio por acaso. "Apesar da pouca idade, essa geração possui um nível de qualificação surpreendente, embora isso não seja suficiente", diz.

Formado em administração, com pós em Comunicação e cursando MBA em Marketing Digital pela FGV de São Paulo, Bruno não abandonou a sala de aula desde que se formou, em 2005. Mais do que um bom salário, ele conta que estava em busca de qualidade de vida. Depois de passar por seis cargos diferentes, ele se diz satisfeito como gerente de marketing do núcleo de educação à distância do Centro Universitário de Maringá (Cesumar), no Norte do estado. "A vida profissional é feita de degraus, não adianta pegar um elevador para pular fases", afirma, ressaltando a importância da sua trajetória em diferentes empresas para o amadurecimento profissional.

Tendência

Enquanto algumas empresas já vivenciam na prática a mudança de perfil das lideranças, outras ainda se preparam para lidar com essa tendência, que deve se acentuar no curto prazo. Uma pesquisa da Câmara Americana de Comércio (Amcham), feita com 85 profissionais de Recursos Humanos, consultores e executivos, mostrou que 80% deles apostam no aumento considerável do número de jovens ocupando cargos de gestão num curto período de tempo. Na visão dos profissionais entrevistados, os segmentos mais propensos a acelerar a promoção de jovens são tecnologia (34%); varejo (18%); comunicação (15%); e indústria (10%).

Empresas devem compartilhar formação

É consenso entre os profissionais que trabalham com o recrutamento de executivos que as empresas não podem se isentar da responsabilidade na formação dos jovens líderes. Segundo a pesquisa da Amcham, 67% dos 85 profissionais de RH entrevistados reconhecem a necessidade de investimento por parte das empresas em qualificação comportamental e coaching para os novatos. Além disso, eles também consideram relevante o monitoramento e a avaliação do desempenho desses profissionais e a implantação de um plano de cargos e salários capaz de reter esses talentos, com grande qualificação e pouca experiência.

Entretanto, se a falta de experiência pode comprometer o desempenho de um jovem líder, na visão de algumas empresas, outras buscam exatamente esse perfil nos candidatos. "O profissional vem sem vícios do mundo corporativo, justamente porque tem pouca experiência profissional. Ou seja: eu tenho um minigênio e vou treiná-lo do meu modo. Muitas empresas prezam isso", afirma o diretor regional da Business Partners Consulting, Cristian Kim.

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Vida e Cidadania | 3:45

A abundância de vagas e a escassez de profissionais qualificados no mercado brasileiro vem conduzindo os jovens a cargos de liderança cada mais cedo. Mariciane Gemin, sócia-gerente da Asap, consultoria de recrutamento de executivos, fala dos riscos da liderança precoce e da responsabilidade das empresas na formação desses jovens talentos.

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