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Investidor deve relativizar nota de risco de empresas

A agência Moody’s rebaixou a nota da Petrobras na semana passada para grau especulativo, o que derrubou as ações da empresa. | Antonio Lacerda/EFE
A agência Moody’s rebaixou a nota da Petrobras na semana passada para grau especulativo, o que derrubou as ações da empresa. (Foto: Antonio Lacerda/EFE)

O nome é eloquente, mas o selo de “grau de investimento” concedido por agências de classificação de risco a empresas – como a Petrobras, que o perdeu parcialmente na última semana – não assegura a confiabilidade nem o retorno de aplicações. Especialistas recomendam que o indicador seja relativizado e combinado com outros fatores para a escolha de um negócio, como debêntures e ações.

A chancela é concedida a organizações consideradas detentoras de boa capacidade e vontade de honrar compromissos financeiros no prazo estabelecido, nacional ou internacionalmente – o que não significa, porém, que irão fazê-lo. Para conquistar o título, elas precisam ser alocadas na metade superior de escalas com cerca de 20 posições que as agências utilizam para classificar o potencial de quitação das dívidas. Quem se situa abaixo dessa faixa, recebe o conceito de “grau especulativo”.

O analista Alex Agostini, da agência Austin Rating, explica que a nota é um indicador do perfil da dívida da empresa, a partir de uma metodologia específica, e que não deve ser tomado como recomendação de investimento. Um dos fatores para o descompasso é o horizonte das análises das agências, cujo viés de longo prazo pode ser incompatível com as perspectivas do investidor.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) define o rating como uma “atividade de opinar” –sujeita a erros, portanto. Há casos conhecidos – como os dos títulos subprime americanos, responsáveis pela crise imobiliária de 2008 – em que as agências falharam ao atribuir notas altas a dívidas que mais tarde seriam desonradas. No Brasil, bancos que entraram em processo de falência passaram por situação semelhante.

Presidente da FTI Consulting, Eduardo Sampaio diz que é saudável que a nota de crédito seja considerada na análise para a alocação do dinheiro, mas que é preciso priorizar variáveis como o perfil do investidor, em especial objetivos e tolerância ao risco. No caso da Bolsa de Valores, mesmo que se opte por ações de empresas com “grau de investimento”, a ameaça de perdas sempre é alta, dada a natureza volátil desse mercado.

Outros investimentos

Duas áreas impactadas pelas notas de rating são as de fundos de pensão e de investimentos, que utilizam em seus critérios de aplicações as notas de crédito, já que a legislação determina avaliação de riscos. Assim, a perda de um “grau de investimento” pode determinar a saída de determinado ativo das carteiras.

As agências também atribuem notas a aplicações como debêntures e fundos de investimentos com destaque para o Fundo de Investimento em Direitos Creditórios.

Mais um rating importante, com impacto em toda a cadeia financeira, é o soberano, que mede a capacidade de um país honrar suas dívidas. Atualmente, o Brasil tem grau de investimento nas três principais agências classificadoras, duas delas no nível limite para perder o título.

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