Veja a participação dos investidores estrangeiros entre 1994 e 2010| Foto:

Mercado local

Hora de pensar no longo prazo

A fuga de investidores estrangeiros tem uma consequência óbvia para o mercado local: desvalorização. Embora o ano tenha começado com boas expectativas, o desempenho até agora tem sido prejudicado – -4% este ano, até agora. Nos últimos 12 meses, o Ibovespa subiu apenas 1%, contra 21% do Dow Jones, o principal índice da bolsa de Nova York.

E o que resta ao investidor local fazer? "Se ele aproveitar para fazer compras na baixa e puder esperar uns cinco anos, vai colher bons frutos", diz Mário Almeida, diretor da Axiom Educacional, empresa de educação para investidores. "Quem opera no curto prazo já está sofrendo, porque a volatilidade anda grande. Mais do que nunca, a hora é de pensar no logo prazo", diz.

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Queridinho dos investidores internacionais nos últimos tempos, o Brasil tem seu posto ameaçado por países desenvolvidos – aqueles que sofreram muito mais com a crise. Desde o início do ano, mercados emergentes como o brasileiro perdem dinheiro para os chamados mercados maduros. Motivo: a melhora das perspectivas de crescimento para países como Estados Unidos e Alemanha, e a provável alta dos juros na zona do euro e na Inglaterra ainda em 2011.

Mas não é só isso. O risco de superaquecimento em economias como a brasileira e a chinesa, as altas dos juros para conter a inflação nessas e em outras nações em desenvolvimento, a crise no Egito e incertezas em relação ao novo governo brasileiro deixaram investidores com o pé atrás. "As virtudes brasileiras foram exageradamente elogiadas nos últimos anos e as limitações do país foram pouco enxergadas", afirma Paulo Bilyk, sócio da Rio Bravo Investimentos.

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Nem todos os analistas são tão ácidos. "O que está havendo é um rebalanceamento (dos investimentos) no mundo, mas nada trágico", pondera o diretor do banco de investimentos do Credit Suisse no Brasil, José Olympio Pereira. Um dos principais executivos do país na área de abertura de capital (IPOs, na sigla em inglês), ele lembra que, apesar do cenário mais nublado, janeiro teve o maior volume de IPOs para o mês desde 2007. "Pode ser que, no curto prazo, a tendência de migração para desenvolvidos seja dominante. Mas, considerando que os fundamentos de médio e longo prazo dos emergentes são melhores, a situação pode se inverter", observa o diretor de Estratégia para América Latina do Deutsche Bank, Frederick Searby.

O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) apresenta um dos piores desempenhos do mundo. Em dólares, perde pouco mais de 7%, à frente apenas dos mercados das Filipinas, da Tailândia, da Índia e do Chile. Na ponta oposta, encontram-se indicadores de países desenvolvidos. O índice S&P 500, da Bolsa de Nova York, avança pouco mais de 5%, porcentual semelhante ao da bolsa eletrônica americana Nasdaq. Nos nove primeiros dias de fevereiro, o saldo de investimento estrangeiro na Bovespa estava negativo em R$ 1,4 bilhão. No ano, as saídas superavam as entradas em R$ 976 milhões.

Nas últimas quatro semanas, US$ 11,5 bilhões deixaram fundos de investimentos de países emergentes – do Brasil, saíram US$ 390 milhões e da China, US$ 1,4 bilhão. A maior parte da sangria ocorreu nos chamados fundos globais de emergentes, que mesclam ativos de todos os países inseridos nesse conceito. No mesmo período, os países desenvolvidos acumularam entrada líquida de US$ 21,4 bilhões – os EUA lideram o movimento, com aportes US$ 14,3 bilhões superiores aos saques.