Londres Analistas e investidores estrangeiros começam a reavaliar, com um tom de maior preocupação, o risco atrelado ao Brasil em 2006 e nos anos seguintes. Essa maior cautela, alimentada pela crise em torno do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, e a perspectiva de um clima político pesado no país pelo menos até outubro, está sendo amplificada pela temporada de eleições na América Latina, na qual candidatos de esquerda no Peru e México reúnem boas condições de saírem vitoriosos.
"As expectativas até o momento têm sido de que as eleições, pelo menos nos dois grandes países da região, Brasil e México, não gerarão resultados avessos ao mercado, com os candidatos mais de esquerda aparentemente apoiando programas fiscais responsáveis", avisou o banco HSBC a seus clientes.
A convicção de que a atual política macroeconômica ortodoxa adotada no Brasil não será abalada, seja quem for o presidente eleito em outubro, continua firme e ninguém nos acredita numa repetição da turbulência que chacoalhou os mercados nos meses que antecederam o pleito em 2002.
Mas os últimos episódios na arena política, que ameaçam Palocci, e a perspectiva que a campanha eleitoral será acirrada e barulhenta, reforçaram o temor que os próximos meses serão repletos de solavancos políticos, cujas repercussões são ainda difíceis de medir.
Para complicar, não são apenas os fatores domésticos que podem afetar a confiança dos investidores. Ganha adeptos nos mercados internacionais a tese de que o "ciclo de exuberância" dos países emergentes, que já dura mais de dois anos, tenha atingido seu pico.