Com os investidores aproveitando o dia para embolsar lucros, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou nesta quinta-feira (3) em queda de 0,57%, a 51.408 pontos. "O mercado brasileiro aproveitou a baixa das Bolsas nos EUA para realizar lucros, após os fortes ganhos recentes do Ibovespa", diz João Pedro Brügger, analista da consultoria Leme Investimentos.
Após terem disparado nesta quarta-feira (2) com perspectiva de piora da presidente Dilma Rousseff em próxima pesquisa eleitoral, as ações mais negociadas da Petrobras (preferenciais) encerraram o dia em queda de 1,08%. Já os papéis ordinários da estatal (com direito a voto) cederam 0,50%. "Alguns setores subiram bastante nas duas últimas semanas, como o bancário, levando a Bolsa a ficar com desempenho positivo pela primeira vez no acumulado do ano, no pregão de ontem. Esse aumento vai ser corrigido nos próximos dias, uma vez que os fundamentos econômicos não foram alterados", acrescenta Brügger.
Com a queda desta quinta, o Ibovespa voltou a ter desempenho negativo em 2014, de 0,19%. Os papéis de bancos, que representam mais de 17% do Ibovespa, fecharam hoje no vermelho. Banco do Brasil cedeu 1,56%, enquanto Bradesco e Santander tiveram perdas de 0,53% e 1,24%. O Itaú Unibanco viu suas ações caírem 1,16%.
As ações de construtoras também ajudaram a derrubar a Bolsa brasileira, após o Banco Central do Brasil ter elevado, ontem, a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 0,25 ponto percentual, para 11% ao ano.Esses papéis, segundo analistas, são mais sensíveis aos juros, já que o aumento da Selic restringe a oferta de crédito no país, o que pode afetar as vendas das construtoras e das empresas do setor de consumo.
Os papéis da Cyrela cederam 4,93%, enquanto Rossi Residencial caiu 4,86% e MRV, 4,06%. As ações da PDG Realty mostraram desvalorização de 2,68%. Embora o aumento da Selic fosse amplamente esperado pelo mercado, o comunicado que acompanhou a decisão sinalizou que a autoridade pode encerrar o ciclo de aperto monetário em breve, segundo analistas. Isso porque foi retirada da nota a frase em que a autoridade afirmava estar "dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa".
No exterior, a China anunciou uma série de medidas de estímulo econômico, que incluem isenções de impostos para as pequenas empresas e ajudas aos bairros urbanos mais pobres. Tais estímulos já vinham sendo especulados pelo mercado e, portanto, não trouxeram impacto às Bolsas hoje, segundo analistas.
As ações mais negociadas da mineradora Vale avançaram 0,65% e os papéis ordinários da mineradora, 1,17%. A China é o principal mercado comprador do minério de ferro produzido pela companhia brasileira.Os papéis também refletiram declarações do presidente da Vale, Murilo Ferreira, afirmando que prevê um cenário positivo para o preço do minério nos próximos anos, acima de US$ 100,00, segundo analistas.
Câmbio
No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve valorização de 0,29% em relação ao real, encerrando o dia cotado em R$ 2,278 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, avançou 0,52%, a R$ 2,282. Foi o terceiro dia seguido que o dólar se valorizou em relação ao real.
Segundo operadores, o desempenho foi motivado pela expectativa por dados de emprego que serão divulgados amanhã, os quais devem evidenciar fortalecimento do mercado de trabalho dos EUA. Com isso, aumentam as chances de o Fed (banco central americano) começar a subir os juros naquele país antes do previsto (meados de 2015).Uma alta dos juros americanos deixaria os títulos públicos dos EUA, remunerados por essa taxa e considerados de baixíssimo risco, mais atraentes do que aplicações nos mercados emergentes. Com a fuga de dólares desses mercados, a cotação da moeda tende a subir.
O Banco Central deu continuidade hoje ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, através do leilão de 4.000 contratos de swaps cambiais (operação que equivale à venda futura de dólares) por um total de US$ 197,8 milhões.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast