Em tempos de greve de professores, é bom dar uma olhada na forma como o nosso país tem tratado a educação. A tabela ao lado apresenta um ranking dos salários máximos pagos a professores do ensino primário nos países associados à Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A tabela da OCDE inclui também seis países não-membros (Argentina, Brasil, China, Índia, Indonésia e Rússia), dos quais apenas Argentina e Indonésia tinham dados disponíveis não sei o leitor, mas eu acho essa ausência um sintoma de desatenção com a educação.
INFOGRÁFICO: Veja o salário do professor em outros países
Não que professores bem pagos resultem, necessariamente, em educação melhor. Mas se os mestres têm dindim no bolso, é bem possível que sejam mais bem preparados, atualizados, tenham acesso às melhores tecnologias. Tudo isso faz bem.
Educação não se faz também só com investimentos. Quando se trata de investimentos por porcentual do PIB, o Brasil está no pelotão intermediário. O gasto médio é de 21,07% do PIB per capita. Bem menos que a Sérvia (a campeã, com 57,6%) e Cuba (vice,com 49,3%), mas praticamente o mesmo que a Finlândia (21,06%), país que aparece com frequência no topo das listas de resultados em testes de qualidade educacional.
O investimento que realmente faz diferença na qualidade de educação vem menos do governo e mais das famílias. E vejam só que bom! nem sequer exige grandes somas de dinheiro. Investir tempo para estar com os filhos, cobrar deles resultados escolares e ler com eles e para eles faz diferença. Um traço comum dos estudantes que obtiveram as melhores notas do último Enem é o gosto precoce pela leitura, algo que só se desenvolve quando há disponibilidade de livros na casa e exemplo familiar.
Taí um investimento com retorno certeiro.
Não vai crescer?
Em novembro do ano passado, escrevi uma coluna com o título "À espera de 2016". Dizia que o fechamento de 2014 seria fraco e que, em termos econômicos, 2015 já poderia ser considerado um ano perdido. À época, pensava em baixo crescimento, não na possibilidade de recessão que se desenha agora, de acordo com as estimativas dos bancos e das consultorias. Pois parece que será isso mesmo: os números estão se deteriorando com rapidez, e desenha-se um cenário de escassez de água em São Paulo e Rio, e de racionamento de energia elétrica.
É hora de ser comedido. Manter uma reserva para emergências, porque ela pode mesmo ser necessária.
Quer comentar?
Para falar sobre crescimento ou ensino, salário ou petróleo, escreva para financaspessoais@gazetadopovo.com.br
Dê sua opinião
O que você achou da coluna de hoje? Deixe seu comentário e participe do debate.