Ainda sem o efeito da alta da taxa básica de juros da economia a partir de abril e da piora recente do cenário internacional, empresários se sentiram mais confiantes a investir no segundo trimestre, o que também ajudou a indústria a registrar um bom desempenho no período, segundo o IBGE. O investimento (formação bruta de capital fixo) manteve o bom resultado do primeiro trimestre (alta de 4,7%) e avançou 3,6% de abril a junho em comparação aos três meses imediatamente anteriores.
Em relação ao segundo trimestre de 2012, a expansão foi de 9%, melhor resultado desde o quarto trimestre de 2010 (11,1%).Com tal desempenho, a taxa de investimento (valor do que é investido em relação ao total do PIB) avançou de 17,9% para 18,6% entre o segundo trimestre de 2012 para o mesmo período deste ano.Para manter um ritmo de expansão sustentada da economia a longo prazo e sem pressão sobre os preços, especialistas estimam que a taxa deveria se situar entre 22% e 23%.
Segundo Rebeca Palis, gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, o bom desempenho do investimento no primeiro trimestre "rebateu positivamente" na indústria, que produziu bens para atender à demanda por mais investimentos em máquinas e equipamentos e caminhões, por exemplo.
Além desses ramos, também tiveram destaque os de aparelhos elétricos, borracha e plástico (fornecedor da indústria automotiva) e o setor automobilístico -que tem incentivo de IPI reduzido, inclusive para caminhões.Diante desses fatores e de um dólar mais favorável para vender no exterior seus produtos, a indústria cresceu 2,8% na comparação com o segundo trimestre de 2012 e 2% em relação ao primeiro trimestre -maior taxa desde o segundo trimestre de 2010.
Dentre os subsetores da indústria, o principal destaque foi a indústria de transformação, com expansão de 4,6% na comparação com o segundo trimestre de 2012 e 1,7% em relação ao primeiro trimestre.
A nota negativa ficou por conta da indústria extrativa, cuja queda de 3,9% ante o segundo trimestre de 2012 foi puxada pela menor produção de minério de ferro.
Segundo Palis, o câmbio mais favorável às exportações do que às importações ajudou a indústria como um todo. Ela citou também as medidas de estímulo fiscal e de crédito do governo, como a linha subsidiada do BNDES para a compra de caminhões.
Construção e agropecuária
Outro ramo que impulsionou o investimento e a indústria, que no conceito do PIB é mais amplo e inclui ramos como eletricidade e outros, foi o de construção civil, com alta de 3,8% do primeiro para o segundo trimestre --a segunda mais expressiva dentre todos os setores, atrás apenas da agropecuária (3,9%).
Já a agropecuária foi beneficiada especialmente pela safra recorde de soja, que foi praticamente toda escoada no segundo trimestre, segundo Palis. Também ajudou o avanço da produção de milho. O desempenho favorável do campo, diz, turbinou as exportações brasileiras, também alavancada pelo câmbio mais favorável.