Rio O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,5% no terceiro trimestre deste ano, em relação ao segundo trimestre, na série com ajuste sazonal (levando-se em conta os efeitos temporais), segundo divulgou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado ficou dentro das expectativas de mercado, que variavam de 0,3% a 0,9%, com mediana em 0,6%. O resultado é pouco maior que o apresentado no segundo trimestre, que teve crescimento de 0,4% (número revisado pelo IBGE) ante os primeiros três meses do ano, registrando o menor índice desde o terceiro trimestre de 2005, quando houve retração de 1,1%.
Na comparação com o terceiro trimestre do ano passado, o aumento foi de 3,2%. No ano, o PIB acumula crescimento de 2,5% até setembro e em 12 meses, tem alta de 2,3%. Para que o crescimento chegue a 3,2% em 2006, segundo a última previsão do governo embutida na revisão do Orçamento, a expansão no quarto trimestre, em relação a igual trimestre do ano passado, terá que ser de 5,2%, segundo contas apresentadas pela gerente de contas trimestrais do IBGE, Rebeca Pallis.
O último aumento trimestral do PIB nessa base de comparação, acima de 5%, ocorreu no terceiro trimestre de 2004 (5,9% ante o quarto trimestre de 2003). Ainda de acordo com as contas do IBGE, para um crescimento do PIB de 3% em 2006, a expansão no quarto trimestre ante o mesmo período de 2005 tem que ser de 4,4%.
Dos três setores que compõem o indicador Agropecuária, Indústria e Serviços o destaque de desempenho foi da Agropecuária (1,1%), seguida pela Indústria (0,6%). O setor de Serviços registrou alta de 0,4% no período. O crescimento da Agropecuária deve-se ao desempenho positivo de produtos como o café (22%) e a cana de açúcar (8%), além dos bons resultados da pecuária.
Investimento
Com expansão de 2,5% na Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) ante o segundo trimestre e de 6,3% ante o terceiro trimestre de 2005, os investimentos tiveram um bom desempenho no PIB do terceiro trimestre. O bom desempenho já havia sido anunciado na quarta-feira pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que, no entanto, não tinha apresentado os números. A FBCF é formada pela construção civil (60% de peso no indicador) e máquinas e equipamentos (40%).
Segunda Rebeca, o bom desempenho dos investimentos resulta sobretudo do crescimento das importações de bens de capital. De acordo com ela, apesar de o resultado ter sido influenciado também pelo crescimento da construção civil e da produção interna de máquinas e equipamentos, este foi o fator determinante. "O câmbio favoreceu o crescimento dos investimentos e isso tem um efeito positivo para a capacidade produtiva futura do país", disse.
Rebeca também citou, como impacto positivo nos investimentos, o crescimento nominal de 21% nas operações de crédito do sistema financeiro para pessoas jurídicas ante igual período do ano passado e, ainda, a redução da taxa média Selic, de um patamar de 19,7% no terceiro trimestre do ano passado para 14,6% em igual período deste ano.
Famílias
Na demanda interna, o consumo das famílias cresceu pelo 13.º trimestre consecutivo, com expansão de 0,5% no terceiro trimestre ante o segundo trimestre. Na comparação com o terceiro trimestre de 2005, o consumo das famílias cresceu 3,4%. O IBGE destacou no documento de divulgação do PIB que na comparação com o ano anterior, o consumo das famílias vem crescendo desde o quarto trimestre de 2003.
O crescimento do consumo das famílias foi alavancado pelo crescimento da massa salarial (aumento de 4,6% no terceiro trimestre ante igual período do ano passado) e do aumento do crédito às pessoas físicas, observou a gerente de contas trimestrais do IBGE.
O setor externo novamente contribuiu negativamente para os resultados do PIB no período, com o crescimento do volume de importações e exportações de bens e serviços, segundo Rebeca. "A contribuição do setor externo para o PIB desde o primeiro trimestre deste ano tem sido sistematicamente negativa", disse. De acordo com ela, o câmbio favorece o desempenho do PIB com aumento dos investimentos, via importação de bens de capital, mas, por outro lado, tem efeito negativo nas contas finais da economia.
Segundo os dados divulgados do IBGE, as exportações de bens e serviços cresceram 8,6% após uma queda de 5,1% no segundo trimestre ante o primeiro e tiveram efeito positivo no PIB mas, por outro lado, as importações de bens e serviços também cresceram na mesma magnitude (8,5%) e entram com sinal negativo na contabilidade do PIB.