Os Investimentos Diretos no País (IDP, antes chamados de IED) não foram suficientes para cobrir o rombo nas contas externas. Segundo informações divulgadas nesta terça-feira (26), pelo Banco Central, esses recursos trazidos por estrangeiros e que são destinados para o setor produtivo somaram US$ 5,7 bilhões em abril, deixando uma diferença a ser coberta por capital especulativo, recursos que têm sido atraídos ao Brasil pelo elevado diferencial entre os juros externo e doméstico. O déficit em transações correntes ficou em US$ 6,901 bilhões no mês.
Pelos cálculos do BC, o IDP de março ficaria em US$ 4,2 bilhões. A estimativa da autarquia foi feita com base nos números até 17 de abril, quando o país havia recebido US$ 2,6 bilhões em recursos externos.
Em abril, o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel, enfatizou que, com a nova metodologia, houve uma profunda alteração nas estatísticas dessa conta por causa da alteração de conceito relativo a empréstimos intercompanhias. O IDP também deve ser mais volátil do que o antigo IED, de acordo com o técnico. No mês passado, ele deu como exemplo uma captação externa de US$ 10 bilhões feita por uma subsidiaria de uma empresa brasileira no exterior. Antes essa captação transferida pela subsidiária para a matriz brasileira era considerada como empréstimo de amortização de capital. Agora, é computada como IDP dentro do conceito de “internacionalização” de recursos de “fora para dentro”. “Não importa se a filial é brasileira ou não. O importante é de onde estão vindo os recursos”, disse Maciel.
No acumulado dos últimos 12 meses até abril deste ano, o saldo de Investimento Estrangeiro ficou em US$ 86,069 bilhões, o que representa 3,89% do Produto Interno Bruto (PIB). No quadrimestre, o ingresso de investimentos estrangeiros destinados ao setor produtivo soma US$ 18,912 bilhões.
Com a mudança, o Banco Central introduziu nas estatísticas o conceito de “lucros reinvestidos”, – que ocorre quando uma empresa obteve um lucro e decide manter esses recursos no Brasil ao invés de repatriá-lo para a matriz. Essa nova conta tem impacto no registro de IDP, mas não afeta o fluxo cambial. Em abril, os lucros reinvestidos ficaram negativos em US$ 651 milhões.
Ações e renda fixa
De acordo com o BC, o investimento estrangeiro em ações brasileiras ficou positivo em US$ 3,765 bilhões em abril. Em igual mês do ano passado, o resultado havia sido menor, de US$ 555 milhões. No primeiro quadrimestre do ano, somou US$ 7,966 bilhões. Para o ano completo, o BC projeta de que a aplicação nesses papéis somem US$ 13 bilhões.
As aplicações em ações negociados no País somaram US$ 3,177 bilhões. Já as negociadas no exterior (ADRs) registraram um saldo negativo de US$ 24 milhões. As aplicações em fundos de investimento, dado que não existia até a mudança de metodologia, foram de US$ 612 milhões, fruto de ingressos de US$ 628 milhões e saídas de US$ 16 milhões. Em abril do ano passado, as aplicações de estrangeiros em fundos estavam negativas em US$ 882 milhões.
Já o saldo de investimento estrangeiro em títulos de renda fixa ficou positivo em US$ 3,504 bilhões em abril e positivo em US$ 20,174 bilhões no acumulado de 2015 até o mês passado. Para o ano todo, o BC projeta que essa conta fique positiva em US$ 26,5 bilhões.
Em abril do ano passado, essas aplicações somavam US$ 1,622 bilhão e, no acumulado dos primeiros quatro meses de 2014, US$ 16,756 bilhões. O saldo do ano foi de US$ 27,068 bilhões.
O aumento da procura por esses títulos teve início em junho de 2013, quando o governo zerou o Imposto sobre Operações Financeira (IOF) sobre esse tipo de aplicação. Mais recentemente, o atual ciclo de aperto monetário aumentou o diferencial de juros entre o Brasil e o restante do mundo, tornando as aplicações brasileiras de renda fixa mais interessantes para os estrangeiros.
O investimento em títulos negociados no exterior ficou negativo em US$ 656 milhões em abril e deficitário em US$ 3,874 bilhões no ano até o mês passado.