Apesar das restrições à soja transgênica, que hoje corresponde a mais da metade da produção nacional do grão, a Appa mantém investimentos na infra-estrutura graneleira. As importações de fertilizantes pelo Porto de Paranaguá e a construção de um novo silo sinalizam que a soja e os outros grãos continuarão a ter grande importância na movimentação do porto.
No mês passado, a autarquia lançou edital de licitação para a construção de um novo silo público, que terá capacidade para armazenar 110 mil toneladas, pelo valor de R$ 39,3 milhões. De acordo com o chefe do departamento de planejamento da Appa, Daniel Lúcio de Souza, a nova estrutura permitirá a segregação dos grãos, coisa que não é possível no "silão" antigo. "Poderemos trabalhar com milho e soja", diz, evitando falar se, com a nova estrutura a Appa, poderá armazenar também soja transgênica.
Outra obra que está sendo licitada é o terminal público de fertilizantes, orçado em R$ 9,7 milhões. Paranaguá é o principal corredor de importação de fertilizantes do Brasil. No ano passado, foram importadas 4,8 milhões de toneladas do produto. Neste ano, com expectativa de safra melhor, as importações de fertilizantes entre janeiro e abril são o dobro do mesmo período do ano passado, com um total de 2,2 milhões de toneladas.
Com essas perspectivas, os exportadores de soja também podem voltar a apostar no Porto de Paranaguá. "Praticamente todo fertilizante vem via Paranaguá. Para a nossa logística, facilitaria muito escolher esse porto", diz o operador de mesa do Centrogrãos, da Famato, Demilson Torres. Os caminhões que levam o grão até o porto geralmente carregam fertilizante para a região de origem, o que diminui os custos operacionais.
Os dados da Secex dos primeiros meses deste ano revelam uma mudança na exportação de soja em grão. Pelo Porto de Paranaguá, passaram 1,7 milhão de toneladas entre janeiro e abril, contra 1,4 milhão no mesmo período do ano passado. Santos e São Francisco do Sul registraram queda: o primeiro exportou 1,6 milhão neste ano, contra 2,1 milhões de toneladas de 2006; no porto catarinense, o volume enviado ao exterior caiu de 1,2 milhão para 947 mil toneladas. "Paranaguá tem a maior estrutura para embarque graneleiro. Temos nove empresas privadas atuando aqui, enquanto em Santos são apenas duas", diz o assessor técnico e econômico da Ocepar, Robson Mafioletti. (RF)