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Investimento estrangeiro cresce na contramão da economia

Alemã Evonik vai manter investimentos previstos para o país | Divulgação
Alemã Evonik vai manter investimentos previstos para o país (Foto: Divulgação)

Apesar do momento conturbado da economia brasileira, um índice vem se destacando positivamente. Os investimentos estrangeiros diretos (IEDs) no Brasil chegaram a US$ 51,1 bilhões entre janeiro outubro deste ano, o equivalente a 2,71% do PIB, superando o montante acumulado no mesmo período do ano passado – US$ 49,1 bilhões.

Nos últimos 12 meses encerrados em outubro, os IEDs somam US$ 66 bilhões, pouco abaixo do resultado de 2011, quando o fluxo de investimentos estranheiros atingiu a marca histórica de US$ 67 bilhões. A previsão do Banco Central é fechar o ano com US$ 63 bilhões em IEDs.

Para especialistas, diversos fatores contribuem para esse cenário. De acordo com a economista do Banco Itaú, Julia Gottlieb, o Brasil ainda atrai muitos investimentos em comparação a outras economias emergentes. "Nós temos um ambiente de negociação favorável e democrático, que possui instituições fortes e um bom mercado", explica. O professor do Instituto Superior de Administração e Economia ISAE/FGV, Carlos Ercolin, destaca que o investidor interno possui um pessimismo maior do que o estrangeiro. "Quem vem de fora olha o mundo como um todo e busca investir em um país que ofereça boas oportunidades, mesmo com um risco maior", analisa.

O alto fluxo de IEDs também pode ser explicado pela característica desse tipo de investimento. "Os mercados investidores que envolvem a instalação de fábricas e empresas têm um fluxo de longo prazo. Você mantém os projetos para ter um retorno lá na frente", explica o economista e diretor-presidente da Sobeet, Luis Afonso Lima. Por não possuírem um retorno imediato, esses investimentos tendem a ser mais resistentes a crises financeiras pontuais. Após as eleições, por exemplo, muitas ações se desvalorizaram, o que pode sinalizar oportunidades de investimentos no longo prazo.

Reforma econômica

Apesar dos bons índices dos IEDs, especialistas alertam que a nova equipe econômica do governo federal precisa trabalhar para reverter o cenário econômico adverso. Segundo eles, se uma reforma não for colocada em prática, os investimentos futuros podem estar em risco. "Os investimentos acontecem a longo prazo e se esse atual cenário econômico persistir eles podem não se sustentar lá na frente. Por isso, os ajustes econômicos são muito importantes", explica Julia.

O professor Ercolin destaca que o país deve cuidar com a classificação das agências de risco, determinantes para os investimentos.Em março, o Brasil teve sua nota rebaixada pela Standard & Poor’s, mas ainda se manteve na classificação dos mercados seguros para investir. Um novo rebaixamento traria prejuízos para o país. "A nova equipe econômica deve agir rapidamente e fazer uma reforma, não apenas para manter, mas também para aumentar os investimentos maduros e estáveis e afastar a especulação", analisa.

Investimento externo em carteira sobe e supera o direto

Realizados diretamente no mercado financeiro a partir da compra de ações e títulos de renda fixa, os investimentos estrangeiros em carteira (IECs) somaram US$ 5,2 bilhões no mês de outubro, superando o resultado dos investimentos estrangeiros diretos ( IEDs), que foram de US$ 4,9 bilhões no período. No acumulado do ano, os investimentos em carteira foram de US$ 43,09 bilhões, quase 18% maior que o índice do mesmo período de 2013.

Os IECs são constituídos quando os investidores possuem menos de 10% das ações da empresa. A menor participação representaria um investimento a curto prazo, mais adequado a um momento de instabilidade econômica. Para Gabriel Rico, CEO da Câmara Americana de Comércio (Amcham), a opção por investimentos menos arriscados têm sido um comportamento comum. "Ao invés de fazer grandes investimentos em poucas empresas, os investidores estão preferindo diluir seu dinheiro em mais empresas, apesar da menor participação", afirma.

Segundo o cônsul honorário da Alemanha em Curitiba, Andreas Hoffrichter, após um período de grande aquecimento do mercado, o país acumulou, nos últimos dois anos, mais investimentos em operações financeiras do que em atividades produtivas, que seriam de maior risco. "São investimentos decorrentes da possibilidade de se obter um ganho financeiro no Brasil, aproveitando que a taxa de juros no Brasil é uma das maiores do mundo, enquanto na Europa essa taxa está próxima de zero", explica.

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