Brasileiro gasta 31% a mais em viagens ao exterior
Brasília O brasileiro tem viajado mais ao exterior neste ano e, conseqüentemente, gastado mais também. A despesa dos turistas já cresceu mais de 30% no primeiro semestre do ano em relação ao mesmo período do ano passado.
O investimento estrangeiro direto no Brasil bateu recorde em junho. Os ingressos líquidos de recursos entradas menos saídas de dinheiro somaram US$ 10,3 bilhões (quase R$ 19 bilhões) no mês. O volume, o maior da história em um único mês, equivale a quase dez vezes o registrado em junho do ano passado (US$ 1,06 bilhão). O recorde mensal anterior era de agosto de 2004, quando US$ 6,1 bilhões ingressaram no país.
Os dados, divulgados ontem pelo Banco Central, incluem apenas o investimento feito diretamente em empresas, seja em aporte de recursos, concessão de empréstimos ou compra de participação acionária. Não está computado, portanto, o investimento em bolsa de valores, fundos de ações, renda fixa e títulos públicos. "Investimento direto é capital externo bem-vindo. É dinheiro que entra para a expansão da produção, e que terá seu processo de maturação e geração de renda dentro do país", avalia o economista Antônio Fernando Zanatta, coordenador do curso de Economia do Unicenp.
De janeiro a junho, o saldo do investimento estrangeiro direto foi de US$ 20,9 bilhões, quase três vezes o montante acumulado no mesmo período do ano passado. O valor também supera o investimento acumulado em todo o ano de 2006 (US$ 18,8 bilhões), bem como os volumes anuais registrados entre 2002 e 2005.
Em seu relatório trimestral de inflação, divulgado no mês passado, o Banco Central elevou de US$ 20 bilhões para US$ 25 bilhões a previsão de ingressos de recursos do exterior em 2007. O número deve ser novamente revisado, segundo Altamir Lopes, chefe do departamento econômico do BC. Para ele, o país vive uma nova fase de crescimento de investimentos estrangeiros, depois do período de privatização nos anos 90. Os principais responsáveis por esse cenário, de acordo com o economista, são a queda do risco-país, o bom desempenho dos fundamentos da economia brasileira e a onda de fusões e aquisições de empresas em todo o mundo.
Lopes destacou que, apesar de o investimento direto em junho ter sido influenciado por três ou quatro grandes operações, que somam entre US$ 7 bilhões e US$ 7,5 bilhões, também houve grande volume de recursos disseminados por vários setores. Os maiores valores se concentraram nos setores siderúrgico somente a compra da Arcelor envolveu cerca de US$ 5 bilhões , financeiro (US$ 1 bilhão) e de prestação de serviços (US$ 1,15 bilhão).
No documento divulgado ontem, a instituição mostra que, em todo o primeiro semestre, o setor de serviços foi o que recebeu mais recursos: US$ 9,6 bilhões, o equivalente a 52,5% do total. Quem mais cresceu foi a indústria, que recebeu US$ 7,6 bilhões, mais que o dobro de igual período do ano passado, respondendo por 41,4% do total. A agropecuária e a extração de petróleo e minérios, por sua vez, receberam aportes de US$ 1,108 bilhão, pouco mais de 6% do total investido por estrangeiros.
Cláudio Ramos, sócio da área de finanças corporativas da consultoria KPMG, avalia que a tendência de crescimento do investimento estrangeiro deve se sustentar. Segundo ele, também é importante o grande número de ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) de várias empresas brasileiras. "Embora a compra de ações em bolsa de valores não seja computada como investimento direto, também contribui para o crescimento das companhias, que usam o dinheiro captado em bolsa para expandir suas atividades e comprar outras empresas", diz Ramos. "Não fossem os IPOs, que são uma forma indireta de participar das empresas, provavelmente haveria ainda mais transações com capital estrangeiro."
O Banco Central não informou a divisão dos investimentos por estado. Recente levantamento da KPMG mostrou que, do início do ano até 15 de junho, houve 16 operações de fusão ou aquisição envolvendo empresas do Paraná, 20% a menos que no primeiro semestre de 2006. No mesmo período, o número de operações cresceu 40% no Rio Grande do Sul e 60% em Santa Catarina.
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