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O investimento estrangeiro no setor produtivo do Brasil voltou a surpreender. O saldo entre ingressos e saídas do chamado Investimento Direto no País (IDP) foi de US$ 9,2 bilhões em setembro, o maior desde abril (US$ 11,1 bilhões), segundo relatório publicado na segunda-feira (24) pelo Banco Central. O valor veio bem acima do teto das estimativas do mercado para o mês, de US$ 5,7 bilhões, conforme o Projeções Broadcast.
Segundo o Banco Central, o saldo de setembro é resultado de ingressos líquidos de US$ 3,4 bilhões em participação no capital (quando uma empresa estrangeira abre uma filial aqui ou se torna sócia de uma companhia local) e de US$ 5,7 bilhões em operações intercompanhia (empréstimos de matriz para filial, por exemplo).
Com isso, o investimento estrangeiro acumulado de janeiro a setembro foi de US$ 70,7 bilhões, o maior valor para esse período do ano desde 2011 (US$ 77,8 bilhões). Na comparação com os nove primeiros meses de 2021 (US$ 43,3 bilhões), o IDP aumentou 63%.
O saldo dos nove primeiros meses já supera o montante que o Banco Central esperava para o ano todo. No fim de setembro, já reagindo aos dados positivos dos meses anteriores, a autoridade monetária havia revisado sua estimativa de IDP para 2022 de US$ 55 bilhões para US$ 70 bilhões.
Ainda segundo o BC, em 12 meses os estrangeiros investiram US$ 73,8 bilhões no setor produtivo brasileiro, o que equivale a 4,1% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. São as maiores marcas acumuladas em 12 meses desde agosto de 2019 (US$ 77 bilhões, ou 4,11% do PIB).
Reportagem publicada pela Gazeta do Povo em setembro elencou fatores que, segundo especialistas, explicam o aumento do interesse estrangeiro em aplicar dinheiro no Brasil, tanto em carteira (ações e títulos) quanto no setor produtivo:
- o país foi um dos primeiros a reagir à alta da inflação mundial, aumentando a taxa de juros, que tem perspectiva de queda a partir de 2023;
- o Brasil tem ativos com valores atraentes e grande exposição a setores que os investidores querem;
- o cenário econômico é delicado em alguns países que disputam o capital estrangeiro com o Brasil, como Argentina, Rússia e Turquia;
- os riscos geopolíticos no exterior, como a guerra entre Rússia e Ucrânia; e
- o risco de recessão em algumas das principais economias mundiais, que ainda estão elevando juros para combater a inflação.