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O Brasil teve uma queda de 10,2% no Investimento Estrangeiro Direto (IED) em 2023, com um total de US$ 65,9 bilhões aplicadps, de acordo com um relatório da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad). A queda é cinco vezes maior que a global, de 2%, e supera a retração de 7% registrada por outros países emergentes.
Apesar de o documento não especificar diretamente as razões para a retração no Brasil, ele aponta várias possíveis causas com base em tendências globais e latino-americanas:
- Incerteza econômica doméstica e global pode desencorajar investidores estrangeiros a aplicarem capital em projetos no Brasil. A incerteza em torno das políticas econômicas, estabilidade política e condições de mercado pode minar a confiança do investidor;
- Algumas indústrias podem ter enfrentado desafios em 2023, levando a um declínio no investimento. Fatores como mudanças regulatórias, saturação de mercado ou mudança nos padrões de consumo podem ter afetado decisões de investimento em setores específicos;
- Condições econômicas globais, incluindo tensões comerciais, riscos geopolíticos e flutuações nos preços das commodities podem ter influenciado nos fluxos de investimento para o Brasil;
- Mudanças em políticas governamentais, regulações e tributação podem influenciar na atratividade do Brasil enquanto destino de investimentos. Os investidores podem se mostrar extremamente sensíveis a mudanças políticas que afetam o retorno do capital investido ou o ambiente operacional; e
- Impactos remanescentes da pandemia da Covid-19. Os efeitos persistentes podem ter continuado a afetar as decisões de investimento no país, como, por exemplo, interrupções na cadeia de suprimentos e mudanças no comportamento do consumidor
Apesar da queda, a Unctad destaca que o Brasil continua sendo o principal destino de investimentos estrangeiros na América do Sul. Outros países da região, como Argentina (+48,7%), Chile (+24,6%) e Guiana (+63,9%), influenciada pelo setor petrolífero, registraram aumentos no volume de recursos investidos.
No Brasil, o destaque foram os investimentos do tipo greenfield, que envolvem a construção de novas instalações físicas ou projetos construídos do zero em locais onde não existiam instalações anteriores. Diante da crescente demanda global, commodities e minerais críticos para tecnologias relacionadas a energias limpas foram responsáveis por quase um quarto dos investimentos do tipo greenfield nos últimos dois anos na América do Sul, com destaque para o Brasil e o Chile.
Dados do Banco Central já apontavam para essa tendência de queda nos investimentos estrangeiros no Brasil. A autoridade monetária detectou uma redução de 17% nos recursos destinados ao setor produtivo em 2023, incluindo compras de participação de capital, reinvestimento de lucros e empréstimos de multinacionais para suas filiais no Brasil, totalizando US$ 62 bilhões.