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Brasília - Os investimentos estrangeiros diretos (IED) na economia brasileira somaram US$ 2,75 bilhões em maio, informou ontem o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles. Outros US$ 2,5 bilhões, segundo ele, ingressaram no país para aplicações na bolsa. Esses investimentos contribuíram para que o fluxo líquido de dólares para o Brasil atingisse US$ 3,13 bilhões no mês passado, um aumento de 119% na comparação com abril. Foi o melhor resultado desde abril de 2008, antes do agravamento da crise, em setembro passado, de acordo com informações do BC.

Essa forte recuperação foi liderada pela chamada conta financeira, na qual, além dos investimentos produtivos e na bolsa, são registradas também aplicações no mercado financeiro e em títulos públicos. Nessa conta, o BC registrou a entrada líquida de US$ 1,54 bilhão. Foi a primeira vez desde março do ano passado que essa movimentação feita por investidores e empresas ficou no azul.

Apesar dos números positivos da conta financeira, o segmento comercial perdeu força, segundo os dados do BC. Em maio, as operações de câmbio ligadas ao comércio exterior foram responsáveis pela entrada de US$ 1,551 bilhão. O resultado é 68,5% menor que o registrado em abril. Chama a atenção o aumento de 21% na conta paga pelas importações e a queda de 10,2% na receita obtida com as exportações.

Para Meirelles, os ingressos verificados no IED e para a bolsa revelam um "elemento extremamente positivo", que é a volta do capital para investimentos no país. Em abril, o Brasil já havia recebido US$ 3,4 bilhões em IED. O superintendente do Banco Baniff, Rodrigo Trotta, bate na mesma tecla. "Os dólares que têm entrado buscam as ações brasileiras e também são destinados à atividade produtiva, na forma de investimento direto", disse.

Trotta observa que o fluxo não tem sido inflado pelos investidores interessados nos altos juros brasileiros, em operações que aproveitam a diferença entre as taxas dos países, a chamada arbitragem. "Quando isso acontece, o ingresso tem uma consistência completamente diferente porque acontece no mercado futuro. O que temos visto é a entrada de dólares à vista, em moeda", disse.

Nas últimas semanas, cresceu entre os economistas – e também entre diferentes setores do governo – o debate sobre os motivos do forte ingresso de recursos externos na economia e a influência desse fluxo de dólares na valorização do real. Para uma corrente, os investidores externos têm procurado obter ganhos de arbitragem, o que justificaria que o BC acelerasse a redução dos juros como forma de estabilizar a taxa de câmbio.

Para Trotta, a entrada mais forte dos estrangeiros é resultado da melhora das condições econômicas internacionais. "Essa mesma melhora das expectativas se traduz também pela alta do euro em relação ao dólar, que foi bastante relevante." Com cenário mais tranquilo, investidores passam a procurar mercados com melhores fundamentos e condições de voltar a crescer com força. Nesses quesitos, o Brasil tem conseguido atrair parte desse fluxo, disse o economista.

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