Puxados pelo mau desempenho da indústria de máquinas e equipamentos, os investimentos registraram de abril a junho a quarta queda trimestral consecutiva. Com isso, a taxa de investimentos caiu para 17,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre; nos primeiros três meses do ano era de 18,7%. O tamanho da queda surpreendeu os analistas financeiros.

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Os investimentos são medidos pela formação bruta de capital fixo (FBCF), que recuou 0,7% no segundo trimestre contra o primeiro trimestre do ano. Na comparação com o segundo trimestre de 2011, a FBCF caiu 3,7%. Segundo Rebeca Palis, gerente da Coordenação das Contas Nacionais do IBGE, a queda foi impulsionada pelo recuo da produção interna de máquinas e equipamentos, que pesam 52% dentro na FBCF.

"A indústria teve queda puxada pela indústria de transformação, que produz bens de capital", afirmou Rebeca, lembrando que, como a construção civil continuou crescendo (na comparação com o segundo trimestre de 2011) e a importação de máquinas e equipamentos também teve alta, o problema foi a produção nacional. "O que puxou para baixo os investimentos foi a produção interna de máquinas e equipamentos, que está refletida na queda da indústria."

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A queda de 3,7% na FBCF em relação ao segundo trimestre de 2011 foi a mais acentuada desde o terceiro trimestre de 2009, quando recuou 9%. Foi a segunda queda consecutiva na FBCF nesse tipo de comparação. Para a economista-chefe da BNY Mellon ARX, Solange Srour, a queda nos investimentos foi uma surpresa negativa. A equipe da gestora de recursos, que administra R$ 12 bilhões, previa alta de 0,7% na FBCF. "A composição ideal (do crescimento) para o atual estágio da economia seria ter investimentos mais fortes", disse.

Cenários

Na avaliação da economista, há dois motivos para os investimentos não irem adiante. O primeiro é o cenário externo negativo, desanimando o empresário a investir - sobretudo nos setores exportadores de matérias-primas, já que a crise internacional derrubou cotações. Já o segundo motivo é um processo de revisão nas expectativas do setor privado em relação ao crescimento da economia brasileira.

Para o superintendente da Área de Pesquisa e Acompanhamento Econômico (APE) do BNDES, Fernando Puga, "o semestre foi muito contaminado pelo setor externo". "Houve a sensação de que poderia ocorrer a saída de algum país da zona do euro", disse Puga. "O primeiro semestre foi meio um 'fundo do poço'. Vieram muitas coisas negativas. Começou, na parte dos investimentos, com a mudança para o euro 5", completou o economista, referindo-se à mudança de tecnologia e combustíveis nos motores de caminhões, que gerou queda na produção.

Para o resto do ano, Puga já vê "as nuvens pesadas de dissipando", inclusive com recuperação dos investimentos. O economista adiantou que a sondagem trimestral da APE sobre perspectivas de investimentos, prestes a ser lançada, apontará para um crescimento de 8% no setor de máquinas e equipamentos, incluindo transportes, no terceiro trimestre ante o segundo.

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No entanto, pode não bastar para garantir este ano taxa de investimentos superior aos 19,3% do PIB verificada na média de 2011. O problema é que o fraco desempenho do primeiro semestre já comprometeu a média do ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.