Queda no investimento estrangeiro direto foi afetada por incertezas políticas e econômicas| Foto: Ilustração: Vandré Kramer/Gazeta do Povo com Fotor
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O Brasil recebeu US$ 32,2 bilhões em investimento estrangeiro direto (IED) no primeiro semestre de 2024, 2,8% a menos do que nos mesmos meses do anterior. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) foi o segundo maior valor aplicado no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos.

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O IED é a aplicação de recursos de empresas estrangeiras em operações de longo prazo, contribuindo para o crescimento econômico local.

A redução observada no Brasil no primeiro semestre pode ser atribuída a um menor número de projetos de "greenfield" – iniciativas começadas do zero, sem qualquer estrutura pré-existente. Elas atingiram o nível mais baixo dos últimos dois anos.

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Além disso, fatores como incertezas econômicas e políticas. tanto nacionais quanto globais, tornaram o cenário menos favorável para os investidores.

A volatilidade econômica, que se refletiu em oscilações cambiais e inflação elevada, contribuiu para um ambiente de negócios menos previsível.

A falta de avanços em reformas estruturais essenciais por parte do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou a incerteza, gerando hesitação entre investidores. Questões geopolíticas, como o conflito na Ucrânia e as tensões comerciais entre Estados Unidos e China, também influenciam na retração, redirecionando investimentos para regiões consideradas mais estáveis.

Outro aspecto que afetou o fluxo de IED é a tendência global de revisão das cadeias de suprimento, em busca de maior autossuficiência. A mudança, desencadeada pela pandemia da Covid-19, pode afetar o Brasil, um grande exportador de commodities, especialmente se os parceiros comerciais revisarem suas políticas.

Brasil precisa de menos complexidade e mais previsibilidade para atrair investimento

A OCDE aponta desafios importantes para o Brasil aumentar sua atratividade como destino de investimentos. Entre eles, estão a simplificação do ambiente regulatório e a adoção de práticas sustentáveis. A complexidade e a incerteza nas regulamentações brasileiras são obstáculos para investidores, que buscam previsibilidade nas regras e processos simplificados.

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Outro é a infraestrutura deficiente do país, especialmente em transporte, energia e telecomunicações, áreas essenciais para atração de capital.

Segundo estudo do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada – Infraestrutura (Sinicon) feito pela consultoria Inter.B, o valor infraestrutura atual do Brasil corresponde a 35,5% do PIB, valor que deveria ultrapassar os 60% para impulsionar o crescimento, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Para reverter essa situação, investimentos na área precisariam dobrar, passando dos atuais 2% para pelo menos 4% do PIB.

O alto custo do capital no Brasil, agravado pela elevação da taxa Selic, também preocupa. Setores que demandam grande volume de financiamento, como infraestrutura, ficam especialmente vulneráveis, limitando a capacidade de empresas estrangeiras investirem de forma significativa no país. A insegurança jurídica afasta investidores, principalmente no que diz respeito à proteção da propriedade e ao cumprimento de contratos.

Potencial para atrair investidores é grande, destaca a OCDE

Ainda assim, a OCDE destaca setores com grande potencial de crescimento e interesse para investidores estrangeiros: energia renovável, tecnologia da informação e comunicação, infraestrutura, agronegócio, saúde e serviços financeiros.

O segmento de tecnologia da informação e comunicação (TIC) está em expansão no Brasil e oferece grandes oportunidades para o IED. A OCDE destaca o desenvolvimento de software, serviços de TI e inovação digital como áreas promissoras, impulsionadas pela crescente digitalização e pela alta demanda por soluções tecnológicas.

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Outra área com grande potencial de crescimento é a infraestrutura, setor que apresenta forte demanda no Brasil e pode oferecer retornos atraentes para investidores.

No agronegócio, setor que representa 21,8% do PIB brasileiro segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP (Cepea/USP), também há oportunidades significativas. O Brasil é um dos principais produtores globais de commodities agrícolas e pecuárias, e a OCDE aponta que investimentos em tecnologia agrícola, biotecnologia e práticas sustentáveis podem aumentar ainda mais a competitividade do país nesse segmento.

O setor de saúde também apresenta grande potencial, especialmente com o aumento na demanda por serviços e inovações em tratamentos. A área, que abrange farmacêuticos e biotecnologia, possui um mercado em expansão no Brasil, impulsionado pelo envelhecimento populacional e pela maior longevidade. Dados do IBGE mostram que, em 1991, a expectativa de vida média de uma pessoa de 50 anos era de 74 anos; em 2022, passou para 80 anos.

A modernização do sistema financeiro, com o avanço das fintechs, também cria oportunidades para o investimento estrangeiro, especialmente em soluções digitais e na promoção da inclusão financeira.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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