Os investimentos no setor industrial ainda não se recuperaram e enfrentam alguns obstáculos para voltarem aos níveis de antes da crise econômica mundial. Foi o que apontou a Sondagem Industrial pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com pequenos, médios e grandes empresários do setor.
O gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, explicou que não existe uma pergunta específica aos industriais sobre o nível de investimentos que foram ou vão ser feitos. No entanto, o comportamento dos investimentos é perceptível a partir do desempenho de alguns setores, como o de máquinas e equipamentos. "Esse é um setor que trabalha por encomendas, que ficaram reprimidas no início do ano devido ao nível elevado dos estoques. Além disso, esse setor depende muito da oferta de crédito para se desenvolver e isso ainda é um problema", afirmou Castelo Branco.
A Sondagem Industrial relativa ao terceiro trimestre deste ano revelou ainda que no setor de máquinas e equipamentos o nível de estoques ainda é elevado e se manteve nesse período acima do planejado pelos empresários. Apesar disso, a CNI está confiante que, nos próximos meses, o comportamento dos investimentos no setor industrial poderá mudar. O coordenador da pesquisa, Renato Fonseca, afirmou que há indicações favoráveis de que haverá elevação dos investimentos como decorrência da redução dos estoques na indústria de transformação, de uma maneira geral.
Esse movimento foi captado na pesquisa pela resposta da maioria dos empresários entrevistados de que houve queda nos estoques efetivos em relação ao planejado. Outra indicação, segundo a CNI é que as expectativas dos empresários para os próximos seis meses são positivas em relação à demanda do mercado doméstico. "Há, portanto, indicações muito fortes de que os empresários estão prontos para voltar a investir", comentou Fonseca.
Entre os problemas apontados pela Sondagem, que ainda atrapalham um melhor desempenho do setor industrial, estão: elevada carga tributária, competição acirrada de mercado, dificuldades para acesso ao crédito e taxas de juros elevadas. No geral, o terceiro trimestre deste ano marcou uma retomada da produção da indústria, de acordo com a pesquisa, mas ainda está abaixo do comportamento existente em igual período do ano passado. "Há um crescimento industrial, mas menos empresas estão participando desse movimento do que o número de empresas que participavam no terceiro trimestre de 2008", resumiu Fonseca. A pesquisa foi realizada no período de 30 de setembro a 23 de outubro e ouviu 1.418 empresas, sendo 819 pequenas, 401 médias e 198 grandes.