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iPad, um vício com suas virtudes

R$ 1.649 é o preço do modelo mais barato de iPad – de 16 GB e sem 3G – nas lojas brasileiras. O comercialização do tablet começa já na madrugada de sexta-feira | JungYeon-Je/AFP
R$ 1.649 é o preço do modelo mais barato de iPad – de 16 GB e sem 3G – nas lojas brasileiras. O comercialização do tablet começa já na madrugada de sexta-feira (Foto: JungYeon-Je/AFP)

O iPad é o presente do ano. Até os detratores do tablet da Apple têm de se conformar com o fato de que nenhum outro aparelho chamou tanta atenção em 2010. O iPad é perfeito? Está longe de ser. Por outro lado, não existe hoje no mercado nada comparável a ele. Nem as cópias chinesas, tampouco os primeiros modelos de tablet com o sistema operacional Android, do Google.

Os números dão conta de explicar a parte mais superficial do fenômeno do iPad. A Apple registrou 3,7 milhões de iPads vendidos nos primeiros três meses de mercado. Diferentes analistas especulam que as vendas em 2010 devem ficar numa larga margem que vai de 5 milhões a 8 milhões de unidades. Contudo, para entender mais a fundo o porquê de tanto sucesso, é preciso levar em conta outros dois fatores. As virtudes do produto em si e a questão cultural que envolve ter um iPad.

No meu primeiro mês com o iPad, escrevi que o considerava altamente viciante. Vício, por definição, é algo que se pode largar com certa força de vontade. Não cogito a possibilidade de não ter um iPad comigo, ele tornou-se peça indispensável em meu cotidiano. Quem saiu de cena foi o notebook. É uma mudança de hábitos enorme, feita sem traumas.

Se antes eu assistia a um programa na tevê com o notebook na mão, hoje faço o mesmo com o iPad, com a vantagem de ele não esquentar e de ser muito mais leve. Isso quando o próprio iPad não substitui a televisão. Raramente assistia a filmes e séries e lia livros ou revistas diretamente no notebook. Todo dia, gasto algumas boas horas lendo e assistindo a vídeos no iPad. E a bateria aguenta bem, quase sempre acaba no segundo dia de uso. No fim de semana, o notebook sempre ficou meio de canto, principalmente em viagens. O iPad, mesmo quando estou em lugares ermos e sem conexão à internet, está sempre à mão.

Pesquisa pessoal: desde que comprei o iPad, levei o notebook a apenas uma reunião (faço muitas durante a semana). Comprei somente um livro em papel (mais de 20 no iPad) e não pisei mais em uma banca para comprar revistas importadas – fora que, com o preço de uma Wired vendida no Brasil, compro a revista e mais outras três no iPad.

O iPad é ruim para escrever textos longos, mas isso é facilmente resolvido com um teclado Bluetooth. O que não quer dizer que não haja muito para ser aprimorado. O ponto crítico é o backup, que demora horas quando há muitos apps (aplicativos) baixados. Fora que não custava ter uma câmera – não para tirar fotos, mas para usar o Skype – e uma entrada USB.

O Bluetooth poderia ser menos policiado. Aliás, a polícia de software da Apple poderia ser menos rígida e liberar conteúdo adulto. Mas sou otimista em relação ao futuro. Pelo menos na parte técnica, a Apple deve ouvir os consumidores. E arrisco dizer que, depois do iPad, o seu próximo notebook será um tablet.

SERVIÇO:

O iPad começa a ser vendido na sexta. A versão de 16 GB custará R$ 1.649; a de 32 GB, R$ 2 299; e a de 64 GB, R$ 2.599. O iPad chegará ao país nas versões wi-fi e com wi-fi e 3G, equipados com o chip da Vivo. A operadora comercializa o chip especial para o aparelho desde junho.

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