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O chamado IPCA-15, considerado uma prévia da inflação para o mês, de outubro teve uma alta de 0,54% puxado principalmente pela disparada de preços da energia elétrica e do gás de cozinha, de acordo com dados divulgados nesta quinta (24) pelo IBGE. O aumento foi acima do esperado pelo mercado, que esperava em torno de 0,51%, e reflete uma tendência esperada já desde setembro.
Com isso, o índice acumula uma alta de 4,47% em 12 meses, muito próximo do teto da meta da inflação de 4,5% estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e que impacta diretamente na definição da taxa básica de juros – atualmente em 10,75% com perspectiva de alta na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) nos dias 6 e 7 de novembro.
De acordo com o IBGE, o setor de Habitação foi o responsável por puxar o IPCA-15 de outubro para cima, em que a energia elétrica residencial passou de 0,84% em setembro para 5,29% em outubro. A disparada ocorreu por conta da entrada em vigor da bandeira tarifária vermelha patamar 2 no começo do mês.
O botijão de gás também pesou no índice, com uma alta de 2,17%. Embora a Petrobras tenha anunciado uma redução de 1,41% no preço do gás natural, o desconto não atingiu os botijões mais utilizados nos lares brasileiros.
Aliás, a alimentação em casa também pesou no bolso dos brasileiros e no IPCA-15, com uma alta de 0,95% no mês. O aumento, no entanto, ocorreu após três meses consecutivos de queda e foi puxado pelo contrafilé mais caro (5,42%), café moído (4,58%) – alvo de reclamações nos supermercados – e do leite longa vida (2%).
Também registraram aumentos os setores de Saúde e cuidados pessoais (0,49%), Vestuário (0,43%) e Comunicação (0,4%).
“Apesar do resultado dentro do esperado, o qualitativo do IPCA-15 não foi tão positivo, com piora em todas as principais métricas, inclusive a difusão, que avançou de 55% para 58%. Além das pressões dos itens voláteis como energia e alimentos, observa-se pressão vinda dos serviços, mas muito em parte por questões pontuais, como reajuste dos planos de saúde”, afirma o economista André Valério, do Banco Inter, sobre o resultado do indicador.
Apesar deste aumento acima do esperado, ele diz não esperar um impacto direto dos indicadores na próxima reunião do Copom, e estimam um reajuste de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros. “A expectativa agora é para eventuais ajustes fiscais que o governo possa implementar passada as eleições, principalmente no lado da contenção de gastos, que, se ocorrer, ajudará a desacelerar o PIB e retirar pressões da inflação”, completa.
"Esse cenário reforça a preocupação com a persistência das pressões inflacionárias, principalmente em itens essenciais como energia, que têm um impacto direto no custo de vida das famílias, forçando o Banco Central a adotar uma abordagem mais cautelosa em relação aos cortes na taxa Selic. Além disso, a alta dos preços da energia elétrica reflete desequilíbrios no mercado, dificultando a implementação de novas infraestruturas que poderiam mitigar os custos no longo prazo", emendou Alex Andrade, CEO da Swiss Capital Invest.
Ainda de acordo com o IBGE, o IPCA-15 de outubro deste ano é 0,33% maior do que no mesmo mês do ano passado. E, no acumulado do ano, soma 3,71%.