O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) registrou deflação pelo segundo mês seguido em agosto, devido à continuidade da queda dos alimentos, colocando a taxa em 12 meses abaixo do centro da meta do ano.

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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que essa variação negativa não deve se repetir no IPCA de agosto --que cobre o mês inteiro, enquanto o IPCA-15 cobre o período de 30 dias encerrado no meio do mês--, mas que a inflação seguirá contida.

O indicador recuou 0,05 por cento em agosto, após queda de 0,09 por cento em julho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira.

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Analistas consultados pela Reuters previam uma alta de 0,07 por cento, de acordo com a mediana de 19 respostas que variaram de recuo de 0,05 por cento (a única projeção de queda) a avanço de 0,16 por cento.

Segundo cálculos de analistas, a média dos três núcleos do IPCA-15 subiu 0,15 por cento em agosto, abaixo da alta de 0,23 por cento em julho.

"(Deflação) não é permanente. Agora (em agosto) deveremos ter inflação de 0,15, 0,20, 0,30 por cento, que levarão a inflação à alta de 5 pro cento (no ano)", afirmou Mantega durante evento no Rio de Janeiro.

"O efeito da redução dos preços agrícolas deve estar terminando. A previsão é que (o IPCA de agosto) suba um pouquinho... mas o importante é que estamos com a inflação sobre controle dentro daquilo que estava previsto, um pouco acima do centro da meta."

O IBGE acrescentou que no ano, o IPCA-15 acumulou alta de 3,21 por cento e nos últimos 12 meses, de 4,44 por cento. O governo persegue uma meta de inflação em 2010 de 4,5 por cento, com tolerância de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo.

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Analistas disseram que o dado mostra um cenário de inflação bem controlada, o que apoia a tese de manutenção do juro básico em setembro após três altas consecutivas da Selic.

"O IPCA-15 veio com um comportamento bem melhor e não apenas restrito a alimentação. Vimos um comportamento benigno em todos os grupos, com desacelação de saúde, habitação, e índice baixos em transportes. Os núcleos também vieram baixos, no menor patamar desde meados de 2007", disse Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin.

"Isso dá um sinal de que no curto prazo a gente está com uma perspectiva tranquila para a inflação... A gente está num bom ritmo (de crescimento econômico), mas nada indica que não seja um ritmo sustentável ou gerador de inflação.... Estamos há três meses com inflação muito baixa, enquanto a economia está numa boa perspectiva."

Os mercados de juros futuros reagiram com baixa. O contrato janeiro de 2012 recuava a 11,10 por cento, ante 11,22 por cento na véspera. As projeções vêm caindo desde que o Banco Central reduziu, em julho, o ritmo do aperto monetário.

ALIMENTOS

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Os preços do grupo Alimentos e Bebidas caíram 0,68 por cento em agosto, após baixa de 0,80 por cento em junho. A contribuição negativa do grupo para o IPCA-15 deste mês foi de 0,15 ponto percentual.

"Vários alimentos continuaram com os preços em queda de um mês para o outro, destacando-se a batata-inglesa, o tomate, a cebola, o açúcar cristal, as hortaliças, o feijão carioca e o açúcar refinado, além do leite pasteurizado", afirmou o IBGE em nota.

Os preços de Habitação diminuíram a alta para 0,33 por cento em agosto, ante 0,50 por cento em julho. Os de Artigos de residência declinaram 0,18 por cento neste mês, ante alta de 0,13 por cento no mês anterior.

Mas nem todos os itens alimentícios caíram. "Refeição fora" e carnes tiveram as maiores contribuições positivas do mês, de 0,03 ponto percentual cada.

Outra pressão veio do grupo Educação, que subiu 0,37 por cento em agosto após variação negativa de 0,02 por cento em julho, devido aos reajustes, sazonais, de cursos de ensino formal e de cursos diversos, como idiomas.

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Os custos de Transportes tiveram oscilação positiva de 0,02 por cento, após queda anterior de 0,36 por cento, em razão da pressão do etanol e da gasolina e de uma menor baixa dos preços de automóveis.