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A inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto foi a menor em três anos, refletindo alívios pontuais, como a queda do leite, mas também um efeito mais amplo da crise mundial.

A taxa foi inferior ao esperado, os núcleos arrefeceram e o acumulado em 12 meses caiu abaixo de 4,5 por cento --centro da meta de inflação-- pela primeira vez desde dezembro de 2007.

Esse quadro, no entanto, não alterou as projeções do mercado para o IPCA de 2009 ou para a taxa de juros, porque analistas já trabalhavam com um cenário benigno.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta quinta-feira que em agosto o IPCA avançou 0,15 por cento, ante alta de 0,24 por cento em julho. Foi a menor leitura desde agosto de 2006.

Analistas consultados pela Reuters esperavam avanço de 0,18 por cento, segundo a mediana dos prognósticos que variaram de 0,14 a 0,26 por cento.

"A inflação ainda tem muito de crise. Estamos com uma inflação baixa que reflete menor demanda mundial, maior oferta interna, exportações mais baixas e dólar mais fraco", disse Eulina Nunes dos Santos, economista do IBGE.

A média dos três núcleos do índice --por exclusão e por médias aparadas com e sem suavização-- calculada pela LCA Consultores subiu 0,24 por cento em agosto, ante alta de 0,25 por cento em julho. A melhora foi mais significativa em relação ao IPCA-15 de agosto, quando a média subiu 0,34 por cento.

Nos primeiros oito meses do ano, o IPCA acumulou alta de 2,97 por cento e nos últimos 12 meses, de 4,36 por cento.

"O IPCA mostra que no curto prazo não há fatores de risco inflacionário", disse Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin, que estima em 2009 inflação de 4,30 por cento.

Para setembro, há poucas e pontuais pressões estimadas: aumento de trem no Rio de Janeiro, tarifa de água e esgosto em São Paulo; táxi e energia em Belém e tarifa de energia em Goiás.

Energia e Alimentos

Os preços do grupo Habitação subiram 0,47 por cento em agosto, abaixo da alta de 1,11 por cento de julho, devido principalmente à menor elevação dos custos de energia elétrica, de 0,39 por cento ante 3,25 por cento.

A tarifa subiu em São Paulo e Belém e afetou fortemente a inflação em julho. O efeito deve se esgotar totalmente em setembro.

Os custos de Alimentação e bebidas caíram 0,01 por cento em agosto, ante baixa de 0,06 por cento em julho, mas o leite pasteurizado reverteu a tendência de alta vista desde abril e caiu 6,61 por cento, sendo a principal contribuição individual de baixa negativa em agosto.

"A inflação descendente tem sido ajudada pelos alimentos que estavam muito demandados em 2007 e 2008. Com a crise, a demanda diminuiu e o quadro se reverteu", acrescentou Eulina, ressaltando que entre janeiro e agosto os alimentos acumulam alta de 2,56 por cento, a menor desde 2006.

"A inflação dos alimentos só não é menor devido ao item refeição fora de casa, que subiu 5,12 por cento neste ano em razão da defasagem no repasse de custos como salário mínimo, tarifas e aumentos dos alimentos em 2007 e 2008."

Os preços de Transportes tiveram queda de 0,11 por cento em agosto, revertendo a alta de 0,14 por cento anterior.

Já os de Educação aceleraram a alta para 0,83 por cento, ante 0,11 por cento em julho, refletindo "os resultados apurados na coleta realizada no mês de agosto, a fim de obter a realidade do segundo semestre do ano letivo", segundo o IBGE.

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