O arrefecimento da alta dos preços do leite e seus derivados ajudou a inflação ao consumidor brasileiro a desacelerar em julho e a taxa em 12 meses a ficar, pela primeira vez em um ano e meio, no centro da meta perseguida pelo governo.
Os analistas receberam bem o número, dizendo que, somado à queda recente dos preços no atacado, o arrefecimento de julho acentua o cenário de inflação sob controle no ano.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,24 por cento em julho, menor leitura desde março, após avançar 0,36 por cento em junho, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira.
Analistas consultados pela Reuters esperavam alta de 0,28 por cento, segundo a mediana dos 35 prognósticos, que variaram de 0,23 a 0,31 por cento.
O índice em 12 meses cravou a marca de 4,5 por cento. A meta de inflação brasileira tem centro em 4,5 por cento, com tolerância de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo.
A entrada no centro da meta em julho ocorreu devido à base mais forte do ano anterior, uma vez que em julho de 2008 o IPCA subiu 0,53 por cento, segundo o IBGE.
A economista do IBGE Eulina Nunes dos Santos, disse que ajudaram nesse movimento também a crise global e a boa safra do país.
"Embora a previsão para a safra desse ano é que seja 7 por cento menor que a do ano passado, a colheita será a segunda maior da história. Com a crise, houve uma redução na demanda externa e nas nossas exportações. Nosso mercado interno está bem abastecido e há uma força para empurrar os preços para baixo."
Núcleos Desaceleram
Os núcleos do índice também desaceleraram em julho. O IBGE não faz esse cálculo, mas a LCA Consultores informou que a média dos três núcleos teve alta de 0,25 por cento em julho, ante avanço de 0,33 por cento em junho.
"Os índices de inflação, tanto no atacado como no varejo, têm mostrado uma melhora consistente da inflação... E as quedas não são pontuais, mas de diversos grupos, tanto que o índice de difusão (do IPCA) é o menor desde agosto de 2006, a 52,9 por cento em julho ante 59,11 por cento em junho", disse Silvio Campos Neto, economista-chefe do Banco Schahin.
"O dado de hoje confirma uma perspectiva mais favorável para a inflação. As quedas dos índices no atacado dão sustentação para essa visão de uma inflação no varejo controlada. Claro que o repasse não é direto e total, mas as quedas no atacado tiram um pouco da pressão sobre alguns produtos no varejo."
O IBGE acrescentou que os preços dos alimentos tiveram queda de 0,06 por cento em julho, após subirem 0,70 por cento em junho.
"A redução de preços de alimentos foi generalizada entre um mês e outro. Junho foi um mês concentrado de pressão de alimentos e agora há um grande número de itens dessa cadeia com decréscimo", disse Eulina Nunes.