Salto de 1,92% nos preços dos alimentos foi responsável por mais da metade da taxa do IPCA de março| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Em Curitiba

O IBGE registrou em março a maior alta dos últimos 16 meses do IPCA em Curitiba e região metropolitana. O índice teve elevação de 1% no mês passado. A capital não tinha uma inflação tão alta no confronto com o mês imediatamente anterior desde novembro de 2012, quando o IPCA subiu 1,15% ante o mês outubro de 2012. O índice em Curitiba foi puxado principalmente pelos reajustes de alimentação e bebidas (2,56%), transporte (1,34%) e habitação (0,59%).

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Risco

Inflação acumulada em um ano pode ultrapassar teto da meta, diz Mantega

Folhapress

Após o anúncio de que a inflação acelerou e atingiu 0,92% em março, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a inflação não passará do teto neste ano. Contudo, admitiu que, no acumulado de 12 meses, isso pode ocorrer. "A inflação não irá para cima do teto, isso pode acontecer em 12 meses, como já aconteceu, inclusive no ano passado. Porém, de janeiro a dezembro, o governo estará tomando todas as providências para impedir que isso aconteça", disse, após um encontro com investidores estrangeiros na sede do JP Morgan, em Nova York.

Segundo o IBGE, o indicador acumulado em 12 meses se aproximou mais do teto de 6,5% estipulado pelo governo, atingindo 6,15% em março.

Para o ministro, a inflação atingiu seu "máximo" em março e a partir do próximo mês tenderá a cair. "Depois vem maio, [e ela ficará] menor ainda e, em junho, menor ainda. É passageira." Mantega justificou o aumento da inflação com o período de seca "que prejudicou a produção hortifrutigranjeira". "É um período sazonal, tem a ver com a falta de chuvas, mas ele será revertido. É uma questão estrutural, passageira, e em breve nós vamos ver esses preços começarem a cair", afirmou.

Para ele, também era esperado que a proximidade da Copa do Mundo fizesse com que o setor de transportes tivesse uma alta, ajudando a puxar a inflação. "As empresas aéreas sobem os preços nessa época."

Os preços dos alimentos dispararam em março, fazendo a inflação oficial repetir a maior alta mensal em 11 anos. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,92%, mesmo resultado verificado em dezembro passado e maior taxa desde abril de 2003. Tomate, batata, leite e carnes ficaram mais caros, mas as despesas com passagens aéreas e combustíveis também aumentaram, informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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A alta nos preços acumulada em 12 meses atingiu 6,15%, aumentando as apostas em um estouro do teto da meta do governo neste ano, de 6,5%. O resultado fez subir os contratos de juros de curto prazo no mercado futuro. Analistas lembraram que o Banco Central (BC) pode se ver obrigado a prolongar o ciclo de aumentos na taxa básica de juros, a Selic.

"Como o BC vem trabalhando com a inflação muito perto do topo da meta, agora não tem espaço nenhum para acomodar algum choque que aconteça, como um problema climático", avaliou Alexandre Schwartsman, sócio-diretor da consultoria Schwartsman & Associados e ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC. O economista enxerga uma grande probabilidade de que a inflação fique em torno de 6,6% ou 6,7% em 2014.

O salto de 1,92% nos preços dos alimentos foi responsável por mais da metade da taxa do IPCA de março. A estiagem prejudicou as lavouras, impulsionando o preço de produtos importantes na cesta básica do consumidor, como tomate, batata, hortaliças, frutas e feijão. O tomate ficou 32,85% mais caro, enquanto a batata subiu 35,05%. A seca atingiu também as pastagens do gado, encarecendo carnes e leite.

"(A alta de preços) Tem influência do clima, mas pode ter influência também de alguma possibilidade especulativa, que só mais para frente, diante dos resultados agrícolas, que a gente vai entender melhor", ponderou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE.

Gasolina

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Os transportes também pesaram no bolso do consumidor em março, com aumentos nas passagens aéreas e combustíveis. O etanol subiu 4,07%, com reflexo sobre o preço da gasolina, que aumentou 0,67%. Graças à influência do carnaval, as tarifas aéreas ficaram 26,49% mais caras. O economista-chefe da Concórdia Corretora de Valores, Flávio Combat, prevê que as passagens de avião continuarão a fazer pressão ao longo dos próximos meses, já que as companhias do setor devem aproveitar o aumento da demanda por conta da Copa do Mundo. Juntos, transportes e alimentos responderam por praticamente 80% da inflação de março.