O governo elevou a 35% o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para motos importadas, micro-ondas e ar-condicionado. O decreto foi publicado nesta quinta-feira (31) no Diário Oficial da União (DOU), confirmando a informação divulgada pela da Agência Estado na última sexta-feira.
O objetivo da medida é proteger as empresas instaladas no Polo Industrial de Manaus da concorrência dos importados. A Zona Franca, isenta do tributo, responde por 90% da produção nacional dos itens, e vinha sofrendo com a concorrência de produtos importados, sobretudo chineses.
Há registro de aumento de demissões, paralisação de produção e férias coletivas antecipadas entre os fabricantes.
A Moto Honda, por exemplo, maior fabricante de motocicletas, registrou queda de 13,5% na produção em abril em relação ao mesmo período de 2011.Segundo o Sinaees-AM (sindicato das indústrias de eletroeletrônicos), fabricantes de condicionadores de ar como Whirpool (Brastemp e Consul), Electrolux e Climazon (Midea Carrier) registraram queda nas vendas.
Segundo os fabricantes, os reflexos do aumento da alíquota do IPI devem ser sentidos nos próximos dois meses. "Era uma coisa que a gente vinha negociando há muito tempo. Esperamos que tenha um impacto e que essas empresas tenham um fôlego maior", afirmou Celso Piacentini, presidente do Sinaees.
O superintendente da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), Thomaz Nogueira, disse que a medida ajuda a manter as vantagens comparativas da indústria e a atrair produtores mundiais ao país.
O polo industrial de Manaus tem 110,9 mil funcionários. As fábricas de motos respondem por cerca de 20 mil empregos. As indústrias de condicionadores de ar e micro-ondas empregam, em média, 12 mil trabalhadores.
De janeiro a abril deste ano, o Sindicato dos Metalúrgicos registrou 8.673 demissões, contra 4.342 no mesmo período de 2011 --aumento de 99,7%. O setor de duas rodas (motos, bicicletas e similares) respondeu por 35% das demissões. Já os setores de micro-ondas e condicionadores de ar split, por 20%.