Cuidado
Procon-PR orienta a deixar a garantia ou não do IPI por escrito
O Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-PR) informa que é legal a medida adotada pelas concessionárias de incluírem uma cláusula no contrato sobre uma futura alteração no preço do carro. No entanto, o órgão alerta que é obrigação da loja fornecer a data de faturamento do veículo. "De repente, por alguma circunstância, o cliente acaba recebendo o carro somente no ano que vem, porém o faturamento na fábrica pode ocorrer antes do fim do IPI. Neste caso, a loja deverá cobrar o valor com IPI menor", salienta Cláudia Silvano, coordenadora do Procon-PR. Caso o estabelecimento se comprometa a repassar o desconto no IPI independentemente de quando o veículo seja faturado, o ideal, segundo Cláudia, é deixar por escrito no contrato que o comprador não pagará a diferença.
Fila espera
Confira o tempo de espera de alguns modelos, dependendo da configuração e cor escolhida. Os lançamentos recentes têm a entrega mais demorada
VW Fusca - 4 meses
Fiat 500 Cabriolet - 3 a 4 meses
Fiat Grand Siena - 3 a 4 meses
Land Rover Evoque - 3 a 4 meses
Renault Duster aut. - 3 meses
Ford Fusion - 3 meses
Chevrolet Onix - 2 a 3 meses
Hyundai HB 1.6 aut. - 1 a 2 meses
Ford EcoSport - 1 a 2 meses
Ford Ranger (top de linha) - 2 meses
Chevrolet Cruze - 1 mês
"A incógnita sobre quanto pagaria pelo carro [daqui dois meses] me fez abandonar a ideia de trocar o meu usado por um novo."
Thelma Alves de Oliveira, aposentada.
O consumidor que deixou para comprar o carro novo nos últimos meses vem se deparando com a falta de alguns modelos para pronta-entrega, especialmente os lançamentos e versões mais básicas, com motorização 1.0. Assim, ele é obrigado a recorrer à fila de espera e aguardar um prazo de 45 a 90 dias. Só que, caso o cliente não receba o bem até o fim do mês, corre o risco de perder o desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), uma vez que a prorrogação do benefício dado pelo governo federal expira no próximo dia 31.
Isso porque as concessionárias não estão garantindo o preço com imposto reduzido para os modelos que serão faturados após a virada do ano, considerando que o IPI é cobrado no momento em que veículo sai da fábrica, após o pedido da loja. "A incerteza de como será o novo regime automotivo e em qual índice o imposto será majorado impedem que as lojas garantam um valor final para os veículos com notas fiscais emitidas após a virada do ano", justifica Luis Antônio Sebben, diretor da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores no Paraná (Fenabrave-PR).
Segundo ele, nem as montadoras sabem se o IPI voltará na totalidade, nos porcentuais que eram praticados antes do corte médio de 8%, em maio deste ano. Na verdade é a concorrência quem vai definir quais serão esses preços", prevê Sebben, afirmando que a marca que repassar a elevação de forma integral poderá sofrer a rejeição do consumidor.
Toda a negociação de modelos não disponíveis em estoque e cuja entrega possa extrapolar o fim deste mês tem sido feita com uma ressalva no pedido de compra pelo cliente: a de que o preço final está sujeito a reajuste por conta de um provável aumento do IPI. "As concessionárias estão orientando as pessoas nesse sentido e solicitando a assinatura delas para fechar o pedido", informa o diretor da Fenabrave.
Foi o que ocorreu com a estudante Camila Saldanha Martins, de 21 anos, ao realizar a compra do Hyundai H20 em uma concessionária da marca, em Curitiba. O prazo para entrega da versão escolhida, a Comfort Style 1.0, era de 45 dias, prazo que terminará no fim do mês. No entanto, segundo Camila, consta no seu pedido a observação de que se o carro for entregue em 2013 há a possibilidade de o preço sofrer um aumento. "Não pensei no IPI quando fiz a escolha do modelo, mas espero recebê-lo ainda este ano", diz a estudante.
Já a funcionária pública aposentada Thelma Alves de Oliveira, 57 anos, acabou desistindo da compra de um modelo popular na faixa dos R$ 30 mil. Em lojas da Nissan, Fiat e Ford, visitadas por ela, o prazo de entrega passava dos 60 dias. "A incógnita sobre quanto pagaria pelo carro [daqui dois meses] me fez abandonar a ideia de trocar o meu usado por um novo", argumenta.
Clientes trocam fila de espera por opcionais e descontos
A médica veterinária Camila Cionek, 26 anos, de Curitiba, desejava comprar o Duster Tech Road automático, recém-lançado no mercado. Ao chegar a uma das lojas da rede Renault, descobriu que só conseguiria levar o modelo desejado para casa em março de 2013. Para não perder o negócio, a concessionária ofereceu outra versão do utilitário compacto, mas com câmbio manual, acompanhada de alguns estímulos para seduzi-la. Película protetora e emplacamento grátis, maior valorização do seminovo usado como entrada e desconto de R$ 600 no preço do novo. Após dois dias de negociação, a médica não teve dúvida: passará o fim de ano com um zero-quilômetro na garagem.
O expediente usado pela Renault para compensar a ausência de alguns modelos no estoque se repete em outras marcas pesquisadas pela Gazeta do Povo. Na Fiat, por exemplo, alguns acessórios têm saído pela metade do preço ou até oferecidos como brinde para evitar que o cliente deixe a loja a pé. "Chegamos a cobrar R$ 400 por uma pintura metálica que custaria R$ 1 mil de fábrica ou R$ 700 por uma roda de liga leve que vale R$ 1,5 mil", revela Carlos Bresolin, gerente de Novos da Florença Veículos, na capital. Ele conta que os clientes que buscam um determinado carro e não o encontram à pronta entrega estão optando pela troca por uma versão similar, com alguns mimos de cortesia ou valor mais conta. "Além disso, conseguimos juros especiais com os bancos para reduzir o valor da parcela e opções mais acessíveis de financiamento", complementa o Bresolin.
Na Corujão Veículos, autorizada Volkswagen, o diretor comercial, Antônio Carlos Althein, garante que a loja chega a oferecer descontos de 1,5% a 2,5%, além da redução já prevista do IPI para não perder a venda. "Oferecemos, por exemplo, o Gol 1.0 com ar-condicionado ou direção hidráulica no lugar da configuração básica, em falta hoje. E damos de R$ 500 a R$ 1,5 mil de bônus sobre o valor da versão com esses opcionais", afirma o executivo.
Queda na produção de carros prejudica reposição
O panorama de escassez de carros novos não deve mudar nos próximos meses, pois, além do estoque reduzido nas concessionárias, a indústria automobilística nacional registrou um recuo de 5,3% na produção de carros em novembro, em comparação ao mês anterior, caindo de 318,7 mil para 301,7 mil unidades. A queda pode ser atribuída à forte antecipação de vendas registrada em agosto, mês em que o IPI reduzido terminaria "pela primeira vez". "Tivemos uma leve queda na produção, mas provavelmente entraremos em 2013 com estoques em baixa, devido ao recorde de vendas", projeta Cledorvino Belini, presidente da Associação Brasileira das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
O dirigente torce para que o governo decida por nova prorrogação do IPI reduzido (até 31 de março de 2013) ou pelo aumento gradativo da alíquota, mas ele se diz um tanto cético quanto a isso. Outro fator que inibirá a reposição de estoque em níveis normais nas lojas são as férias coletivas nas montadoras, programadas para dezembro e janeiro apesar de algumas delas terem alterado o período para janeiro e fevereiro de 2013 com o objetivo de atender a demanda de veículos.
Só no showroom
Desde que o governo federal baixou o IPI, em maio deste ano, a procura por carros novos bateu recordes sucessivos de emplacamentos. Os carros mais procurados são os lançamentos recentes e as versões mais básicas de carros 1.0. Esses, praticamente, só estão disponíveis para observação no showroom.
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