A fila de ofertas de ações de empresas brasileiras nas próximas semanas vai se estender pelos próximos meses, movimentando cerca de R$ 50 bilhões em 2011, segundo os bancos líderes no setor. "Sem contar os jumbo deals [operações de porte muito grande, como foi a capitalização da Petrobras, no ano passado, ou o IPO do Santander Brasil, em 2009], pode ter uns 30 bilhões de dólares, com 30 a 40 ofertas", diz Fabio Nazari, chefe da área de mercado capitais do BTG Pactual, o líder do setor.
O JP Morgan vai ainda mais longe. Segundo o banco, há pelo menos US$ 50 bilhões (R$ 85 bilhões) em demanda de investidores por ações latino-americanas em ofertas este ano, sendo que parte importante dessa quantia é dedicada ao Brasil. Segundo o banco, as operações da região que já estão "na rua" não consomem nem 15% desse total.
O apetite dos investidores globais por rentabilidade e a expectativa de que o Brasil tenha crescimento econômico forte por vários anos são o pano de fundo desse cenário. Atualmente, há 14 pedidos de registro em análise na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Destes, sete já estão com cronograma definido. A primeira é a empresa do setor têxtil Arezzo, que vai para sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). O período de reservas começou na semana passada.
Ontem foi dada a partida para os interessados em participar do IPO da varejista Sonae Sierra. Amanhã será a vez do follow on (operação de empresa já listada) da construtora Tecnisa e da produtora de refratários Magnesita, além do IPO do braço de petróleo da Queiroz Galvão. No dia seguinte começam as reservas para a oferta subsequente da construtora Direcional.
Em 2010, num ano atípico pela gigantesca oferta de cerca de R$ 120 bilhões da Petrobras, operações de empresas domésticas levantaram R$ 152 bilhões, ou 97% do volume obtido com ofertas de ações na região.