Mais cortes nas aposentadorias, nos salários de funcionários públicos e em benefícios sociais estão sendo estudados para que a Irlanda consiga economizar mais do que os 3 bilhões de euros que tinha planejado para o Orçamento de 2011, afirmou o ministro das Finanças do país, Brian Lenihan.
Em entrevista para a Dow Jones e o Wall Street Journal, Lenihan disse que um aumento no imposto corporativo, de 12,5%, não está em discussão. Ele afirmou que essa taxa de imposto relativamente baixa é a "peça central" da política industrial da Irlanda, que depende fortemente de investimentos diretos de empresas multinacionais. "Nós não vamos aumentar esse imposto. Não existe nenhuma garantia de que isso elevaria realmente a arrecadação", comentou, argumentando que a arrecadação poderia até cair se algumas empresas deixassem o país.
Assim, o governo centra seu foco em cortar gastos. Segundo o ministro, o congelamento negociado dos salários dos funcionários públicos e dos aposentados deu ao governo espaço para buscar várias outras maneiras de conseguir economizar nessa área. "Nós já publicamos leis para reduzir a aposentadoria de novos beneficiários, mas nós talvez precisemos acelerar a reforma mais ampla do sistema", disse. Isso, juntamente com alterações nos salários, programas de distribuição de renda e novas reformas nos benefícios sociais, além das já implementadas, "estão em discussão", disse o ministro.
Os cortes adicionais nos gastos são necessários por causa da despesa maior que o governo terá com os juros dos bônus emitidos por bancos que foram nacionalizados em meio à crise de 2008, incluindo o Anglo Irish Bank. O governo anunciou recentemente que o custo total desse resgate pode chegar a 34,7 bilhões de euros. Lenihan disse que, embora o governo reconheça que algumas estimativas preveem um gasto de até 50 bilhões de euros, ele está confiante em suas últimas projeções.
O ministro descreveu os altos yields com que os bônus da Irlanda estão sendo negociados atualmente como "não atraentes para nós, mas claramente atraentes para os investidores", notando que nos últimos leilões a demanda superou a oferta em quase três vezes. Ele acrescentou ainda que o governo está comprometido em atingir o objetivo "crucial" de reduzir o déficit do país para abaixo de 3% do PIB. Lenihan disse ainda que o mercado de bônus eventualmente deve refletir isso e acrescentou que o país deve voltar a realizar leilões de bônus em janeiro do ano que vem.
O fato de a Irlanda depender do euro gera grandes desafios para algumas das indústrias do país que são voltadas para a exportação, em um momento em que outros países estão enfraquecendo suas moedas. "Utilizar desvalorizações competitivas para ganhar vantagens é uma forma de guerra comercial", disse o ministro.
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