A Irlanda está em negociações para receber financiamento emergencial da União Europeia (UE) e provavelmente se tornará a segunda nação da zona do euro, após a Grécia, a obter resgate internacional, disseram nesta sexta-feira fontes oficiais.

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Os custos irlandeses de captação de empréstimos alcançaram máximas recordes nesta semana, devido à preocupação sobre a capacidade do país de reduzir sua carga de dívida pública, inchada por ajuda a bancos e receio de que detentores de bônus privados possam ser forçados a arcar com parte dos custos de qualquer socorro através da redução do preço dos papéis.

Autoridades do governo vêm negando repetidamente que Dublin planeje recorrer a financiamentos da UE, e o porta-voz do Ministério de Finanças do país disse após uma reportagem publicada pela Reuters que "não há negociações sobre a solicitação de empréstimos emergenciais da UE".

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Contudo, fontes da zona do euro afirmaram à Reuters que discussões sobre ajuda estavam em curso. Um autoridade disse que é "muito provável" que a Irlanda obtenha assistência financeira por meio das facilidades da UE criadas depois que a Grécia recebeu um pacote de socorro no valor de 110 bilhões de euros em maio.

"Conversas estão em curso e o dinheiro do programa de mecanismos para a estabilidade europeia (EFSF, na sigla em inglês) será usado; não haverá deságios ou reestruturação ou qualquer coisa semelhante", disse uma fonte da zona do euro. Uma segunda fonte confirmou as negociações.

Por meio do EFSF, os 16 Estados do bloco de moeda única podem disponibilizar até 440 bilhões de euros em empréstimos emergenciais para nações atingidas por crises. O mecanismo de resgate da UE também permite provisões de 60 bilhões de euros de todos os 27 países-membros e 250 bilhões de euros ou mais oriundos do Fundo Monetário Internacional (FMI).

As fontes não especificaram o tamanho do pacote de socorro à Irlanda, mas analistas consultados pela Reuters na quinta-feira estimaram algo em torno de 48 bilhões de euros (66 bilhões de dólares).

Os rendimentos dos títulos do governo irlandês tinham leve queda após a reportagem da Reuters, mas o euro pouco oscilava, mostrando discreta alta. Analistas disseram que a reação do mercado foi modesta por conta da incerteza sobre se a Irlanda vai conseguir ajuda e também porque a obtenção de financiamentos não vai sozinha resolver os problemas de longo prazo do país.

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"Isso pode aliviar parte das preocupações imediatas. No prazo mais longo, a questão sobre se a Irlanda no final terá que reestruturar uma parcela de sua dívida não irá embora. Também o foco pode mudar para outros potenciais candidatos a receberem socorro, principalmente Portugal", afirmou Sarah Hewin, economista sênior do Standard Chartered Bank.Philip Poole, presidente global da equipe de estrategistas em macroecononomia e investimentos do HSBC Global Asset Management, disse que um rápido resgate seria muito bem visto pelos mercados, mas a experiência da ajuda à Grécia sugeriu que negociações podem durar muito tempo.

O presidente dos ministros de Finanças da zona do euro, Jean-Claude Juncker, disse que não pode confirmar se a Irlanda solicitou assistência financeira emergencial à UE, mas disse que a situação está sendo monitorada com cuidado.

"Não posso confirmar isso", disse Juncker, respondendo a perguntas sobre a Irlanda ter pedido ajuda à UE. "Estamos acompanhando a situação com muita intensidade."