O presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña, negou que a revisão do Tratado de Itaipu, uma das suas principais bandeiras durante a recente campanha eleitoral presidencial, seja para vender o excedente da energia produzida a outros países por um valor maior do que o comprado pelo Brasil.
Peña esteve em Brasília na sexta (28) onde se reuniu com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para tratar de assuntos de interesse dos dois países, entre eles o acordo firmado há 50 anos para a construção da usina hidrelétrica de Itaipu Binacional.
O tratado firmado em 1973 estabelece que o Paraguai deve vender o excedente produzido pela usina obrigatoriamente ao Brasil a preço de custo. O país utiliza apenas 15% da carga gerada em Itaipu, e a expectativa é de que queira vender o restante por um valor maior.
“O Paraguai não necessita vender energia para outros países, temos que pensar em um projeto de integração, onde Paraguai e Brasil tem que estar juntos. Aqui é ganhar-ganhar ambos os países e estou convencido de que podemos fazer isso”, disse em entrevista à Band que será exibida neste domingo (20) à noite.
O mandatário paraguaio afirma que a revisão do Tratado de Itaipu é, na verdade, uma “nova visão” sobre o que foi acertado há 50 anos, e que o caminho agora é de “integração” entre os dois países. A dívida para a construção da usina foi quitada em fevereiro deste ano.
“Nós vamos fazer para que dentro desses 50 anos a gente possa olhar o que fizemos e diga ‘impressionante’. O objetivo já não é somente a geração de energia. O objetivo é o desenvolvimento do Brasil e do Paraguai”, afirmou sobre o que conversou com Lula.
Ele declarou que enquanto as negociações não começam, Brasil e Paraguai continuam trabalhando juntos na usina. O tratado estabelece que as negociações serão iniciadas no dia 13 de agosto.
“Caso não aconteça, a operação da hidrelétrica continua. Não é que a situação vá parar o funcionamento da Itaipu, que está continuando”, finalizou.
Esta foi a segunda visita de Peña ao Brasil desde que foi eleito. Em maio, logo após a eleição, o presidente paraguaio teve a primeira reunião com Lula em que adiantou a pretensão de revisar o acordo tratado para construir a usina.
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