O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse nesta sexta (7) que o acordo fechado anos atrás entre o Brasil e o Paraguai para a construção de Itaipu - e que tem partes sendo questionadas hoje pelo país vizinho - poderá ser usado como base para um novo contrato, desta vez com o Peru. A ideia é construir 15 usinas hidrelétricas, com capacidade de 15 mil megawatts (MW). Destas, as cinco primeiras, com capacidade para gerar 6 mil MW a partir de 2015, é que estão sendo discutidas no momento. "O acordo com o Paraguai é muito bom. Foi um contrato muito bem feito", disse o ministro, após reunir-se com o ministro de hidrocarbonetos do Peru, Pedro Sanchez, no Rio. Pouco depois, ele chegou a admitir que ocorreram "falhas" no acordo, que podem ser "melhor equacionadas" neste novo contrato. A ideia é concluir o acordo até o final de 2010.
As cinco primeiras hidrelétricas, que deverão somar entre US$ 12 bilhões e US$ 13 bilhões, deverão ser financiadas pelas empresas estatais de energia dos dois países (Eletrobrás, no caso do Brasil) e também terão apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), "além de outras fontes". Com o Peru deve ficar 20% da energia gerada. O restante será entregue ao Brasil, que poderá consumi-la no mercado interno ou vender para países vizinhos. Lobão afirmou ainda que o Brasil deverá ficar responsável por licitações para linhas de transmissão em território nacional, e o Peru ficará com as linhas em seu território. "Mas isso poderá ser estendido um pouco aqui, um pouco ali", comentou.
Admitindo que o Brasil conta com uma série de problemas burocráticos para a liberação de licença ambiental, Lobão descartou que este seja o motivo principal de o governo estar priorizando investimentos no Peru. "Temos problemas aqui sim. Mas também temos energia e isso não está nos faltando. Temos interesses em construir usinas no Peru, na Argentina, no Paraguai. Esta é uma decisão geopolítica, diplomática com os países vizinhos", disse Lobão. O ministro de Hidrocarbonetos do Peru, Pedro Sanchez, afirmou que a legislação ambiental em seu país é tão rigorosa quanto a brasileira, mas que as reações contrárias ao empreendimento em seu país já estão "quase superadas".