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INTERNACIONAL

Itália coloca em risco a zona do euro e até mesmo a União Europeia

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A derrota do “sim” e do primeiro-ministro Matteo Renzi no referendo italiano acendeu a luz vermelha para a União Europeia (UE). Terceira maior economia da zona do euro, a Itália vive um clima de instabilidade política e econômica, com bancos endividados por empréstimos de baixa recuperação e uma dívida pública do tamanho de 133% do PIB. Boa parte dos italianos culpa o euro pela estagnação econômica do país, que se arrasta desde a crise de 2008/09. A derrota de Renzi agora abre espaço para partidos que querem a saída do país do euro – e até do bloco comercial -, o que seria um desastre para a moeda única.

Confira, em detalhes, o panorama econômico da Itália

Embora não tivesse relação com a permanência ou não da Itália na UE, a proposta derrotada no referendo foi amplamente utilizada por três forças políticas que rejeitam o bloco. Os populistas do Movimento 5 Estrelas (M5S), maior partido de oposição do país, querem agora que os italianos votem se desejam ou não permanecer na UE. Além da Liga Norte, partido de extrema-direita contrário à imigração, e dos conservadores do Forza Itália, partido do ex-premiê Silvio Berlusconi.

Assim que assumiu o governo da Itália há quase três anos, o primeiro-ministro Renzi iniciou uma série de reformas - como a dos direitos trabalhistas -, e também concedeu alívios fiscais para pequenas e médias empresas com o intuito de aumentar a produtividade do setor privado. Para muitos italianos, ele era “reformista” demais. Sua última ação, discutida pelo referendo, era considerada a “mãe de todas as reformas”. O premiê entregou sua carta de renúncia ao presidente italiano, Sergio Mattarella, nesta quarta-feira (7).

Crise geral

Na prática, a má situação econômica do país vinha causando desconforto ao governo de Renzi. Atualmente, cerca de 12% dos italianos estão desempregados. Entre os mais jovens, a taxa chega a quase 40%. É o quinto maior índice de pessoas fora do mercado de trabalho dos países da zona do euro. Atrás apenas da Grécia (23,2%), Espanha (19,5%), Croácia (12,9%) e Chipre (12,1%). A média do desemprego na UE é de 8,5%.

Entre 2007 e 2016, a renda per capta caiu 11% na Itália, enquanto subiu 11% na Alemanha e se manteve estável na França. Segundo o principal comentarista de economia do “Financial Times”, Martin Wolf, a zona do euro provou ser uma máquina geradora de divergência econômica entre seus países membros, ao invés de promover a convergência.

Uma pesquisa da consultoria Sentix, realizada em novembro, mostrou que as chances da Itália deixar a zona do euro nos próximos 12 meses aumentaram para 19,3%. É o nível mais alto desde junho de 2012, pico da crise da dívida do país. Atualmente, o risco da Itália sair do grupo de países que adotam o euro é maior do que o da Grécia.

A principal preocupação dos integrantes da equipe de finanças da UE agora é em relação aos juros que a Itália precisa pagar para refinanciar sua dívida pública. Bruxelas entende que seria necessário um plano de resgate ao país caso os juros subam tanto que o país não consiga honrar seus compromissos.

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