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Italianos aprovam pacote de austeridade

Berlusconi (à esquerda) e Tremonti, ministro das Finanças: vitória política | Filippo Monte forte/AFP
Berlusconi (à esquerda) e Tremonti, ministro das Finanças: vitória política (Foto: Filippo Monte forte/AFP)

A Câmara dos Deputados da Itália aprovou ontem o projeto de austeridade fiscal de 79 bilhões de euros do governo do primeiro-ministro Silvio Berlusconi. O projeto já havia sido aprovado pelo Senado na quinta-feira. O pacote tem o objetivo de equilibrar o orçamento até 2014 e afastar a crise da dívida, que atualmente ameaça os países europeus. O pacote foi aprovado por 314 votos a favor, 280 contrários e 2 abstenções. O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, sancionou as medidas apenas meia hora após a aprovação na Câmara, informou o jornal econômico Il Sole 24 Ore. As medidas serão implementadas até 2014. Em 2010, a Itália teve déficit orçamentário de 4,6% do PIB.

O governo do primeiro-ministro Silvio Berlusconi adiantou a votação das medidas de austeridade, inicialmente previstas para o fim do verão (no Hemisfério Norte), após os mercados financeiros terem registrado fortes quedas nesta semana, preocupados com a estabilidade financeira da Itália.

Crise política

Berlusconi, que permanece sob forte pressão da oposição para renunciar, havia vencido, mais cedo, uma outra votação de confiança no Parlamento. Ele é criticado por ficar fora dos assuntos públicos em um momento de forte crise financeira. Ontem, ele compareceu ao Parlamento, na primeira visita em uma semana. "Eu não estou ausente e não desapareci", afirmou o premiê, citado pela agência italiana Ansa. "Ao contrário, nesses últimos dias eu li todos os relatórios e trabalhei por todos", continuou.

A oposição italiana afirma que Berlusconi está muito enfraquecido para lidar com a grave crise financeira e deveria renunciar. "Se a Itália virou o alvo dos ataques dos mercados, é porque as políticas do governo não têm credibilidade", disse Rosy Bindi, a presidente do Partido Democrático (PD), de centro-esquerda e o maior da oposição.

Contágio

Os mercados financeiros temeram durante esta semana inteira que a crise financeira, que engolfou Grécia, Irlanda e Portugal, possa atingir em breve a Itália, um país marcado por um alto endividamento público e um lento crescimento econômico. A economia italiana é a terceira maior da zona do euro e a União Europeia (UE) teme que, caso o país seja atingido, um pacote para resgatá-lo seria enorme. A Bolsa de Valores de Milão fechou a jornada com queda de 1,02%.

O pacote prevê medidas que serão adotadas até 2014 e incluem o início da cobrança de consultas médicas no sistema público de saúde, cortes nas pensões de maiores valores pagas pelo Estado, aumento para a idade da aposentadoria e congelamento dos salários do serviço público em 2012 e 2013. O governo também pretende privatizar estatais, como a empresa ferroviária Ferrovie dello Stato (FS) e os serviços postais, mas apenas depois que a crise abrandar um pouco.

Repercussão

"Essas medidas são vergonhosas e atingirão apenas os mais pobres, não produzem reformas verdadeiras e não levarão ao crescimento econômico", disse Pier Luigi Bersani, um dos líderes do PD. "As medidas são necessárias. Elas não são suficientes, contudo, porque a Itália precisa de reformas estruturais", disse o analista político Stefano Folli. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

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