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Seguradora

Itaú se associa à Porto Seguro em negócio de R$ 1,7 bilhão

Moreira Salles, Garfinkel e Setúbal, juntos, terão 30% do mercado de seguro automotivo | Jonne Roriz/AE
Moreira Salles, Garfinkel e Setúbal, juntos, terão 30% do mercado de seguro automotivo (Foto: Jonne Roriz/AE)

São Paulo - O Itaú Unibanco fechou uma associação com a Porto Seguro, maior seguradora de veículos do país e que, até a semana passada, negociava oficialmente uma parceria com o Bradesco, líder absoluto no país. Com o negócio, o banco ficará com 30% do capital da seguradora e terá a exclusividade para vender seus produtos em sua rede.

Para entrar na Porto Seguro, o Itaú Unibanco decidiu ceder a sua própria carteira de seguros de veículos e residências, avaliada em R$ 950 milhões e que tinha uma participação modesta no mercado. No segmento de veículos, o banco tinha 10,2% do total de prêmios, enquanto a Porto Seguro tinha 20,2% no fim de 2008, segundo a Superin­tendência de Seguros Privados (Susep).

Pela carteira, o Itaú Unibanco receberá a participação de 30% na Porto Seguro, que seguirá administrada pela família Garfunkel, a antiga controladora. Segundo Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco, o negócio é avaliado em cerca de R$ 1,7 bilhão e não envolve desembolso de dinheiro, só ações.

Negociação interrompida

De acordo com Jayme Garfinkel, presidente do conselho da Porto Seguro, o negócio com o Bradesco começou a ser tratado no fim do ano passado, mas não foi adiante porque o banco tinha intenção de manter forte presença na gestão. "O banco queria compartilhar mais a gestão. A gente queria ficar controlando o negócio. O Itaú é mais democrático nesse aspecto. Fiquei com receio de não ter essa liberdade com o Bradesco."

Para analistas, o negócio tem potencial para aprofundar a consolidação do setor de seguros, que vive um boom desde o ano passado com chegada de empresas estrangeiras e abertura do mercado de resseguros. "Nós estamos buscando uma presença maior. É um salto muito importante no negócio de seguros. Isso provocará algum rearranjo no mercado. É uma decisão estratégica de cada um", disse Pedro Moreira Salles, presidente do conselho de administração do Itaú.

A Porto Seguro era a última das grandes seguradoras independentes de um grupo financeiro no país. Nos últimos meses, o setor foi sacudido por uma série de fusões. O grupo alemão Zurich comprou a Minas Brasil; e o Liberty, a Indiana. A japonesa Yasuda comprou uma participação na Marítima, e o Santander retomou a parte que a Tokio Marine tinha em uma parceria no setor.

Sul América + BB

A Sul América Seguros, que tem 21,2% de seu capital nas mãos do grupo holandês ING, também negocia uma associação parecida com o Banco do Brasil, com quem tem uma parceria na área de veículos e saúde. "Sempre conversamos sobre o futuro da parceria. Não existe nada de concreto no momento", disse Arthur Farme, vice-presidente da Sul América. Ele negou que o ING esteja vendendo sua participação.

Para Leoncio Arruda, presidente do Sincor-SP (sindicato dos corretores), não há mais espaço no mercado para as seguradoras que não tenham por trás um grupo financeiro. "Quanto menos seguradoras, pior é para negociar. Mas é benéfico para o mercado ter grandes seguradoras. A Porto Seguro era a única que sempre ganhou dinheiro com seguro de automóvel. Tem a melhor expertise. Todos queriam aprender com ela. Tinha uma fila de bancos atrás dela", diz Arruda.

Ontem, a ação PN do Itaú Unibanco subiu 0,90% e o papel ON da Porto saltou 9,37%.

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