Depois da anunciar nesta manhã a fusão de suas atividades, Itaú e Unibanco afirmaram, em entrevista coletiva realizada na tarde desta segunda-feira (3), que o novo banco que surgirá vai concorrer no mercado global dentro de cinco anos.

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"(O Itaú Unibanco) extrapola fronteiras locais, mas as ambições nos levarão mais longe", ressaltou Moreira Salles. Segundo ele, o objetivo da nova instituição é ser um "global player em cinco anos. Como sou presidente do Conselho de Administração, vou só cobrar dele", afirmou Pedro Moreira Salles, na entrevista coletiva. A administração do novo banco será feita pela criação de uma nova holding, a IU Participações. Expansão latino-americana

Para Roberto Setubal, que será presidente executivo do novo banco, há chances para a nova instituição ampliar sua atuação na América Latina, em mercados como Chile, México, Colômbia e Peru. Segundo ele, são mercados que têm "estabilidade econômica" e "bons níveis de crescimento econômico". "De certa forma, tem um alinhamento cultural (maior com estes países) do que com um país da Ásia. É mais fácil entender como funciona um país na América latina do que na Ásia. (...) Não temos nenhum plano em si, estamos ainda em um nível muito inicial. Não estamos com tanta pressa", disse. Para Pedro Moreira Salles, globalizar não significa ir ao mercado americano. Segundo ele, há mais "vantagem comparativa para ir a mercados menos explorados".

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Efeito da crise no mercado

Para o presidente executivo do novo banco, a crise acelerou o processo de fusão das duas instituições, que tomou cerca de 15 meses de negociação. Segundo Setúbal, podem ocorrer outras fusões e aquisições de bancos no país. "O mercado brasileiro mudou hoje em vários aspectos. Isso pode disparar outras aquisições por outros bancos, é um processo que acontece com naturalidade. Estaremos com cinco ou seis bancos muito fortes, que disputarão o mercado de forma mais aguerrida", ressaltou Setubal. Ganhos de sinergia

De acordo com o executivo do Itaú, não existem ganhos de sinergia estimados - ele afirma que um estudo mais detalhado neste sentido seria necessário em caso de uma aquisição, e não de fusão. "Vamos ter que descer em um nível mais detalhado. Nunca fizemos uma operação dessa dimensão. Não é simples e óbvio estimar isso", frisou. Entretanto, Setubal afirmou que vai haver aumento de receita, embora ele não consiga detalhar os números exatos e tenha negado que haja previsão de fechar agências ou demitir funcionários. "Como fizemos operação toda baseada em troca de ações, esses ganhos todos serão repartidos entre os acionistas", frisou, lembrando que, de qualquer maneira, existirão ganhos com a unificação. Segundo Moreira Salles, o processo de junção dos negócios vai levar algum tempo, pois não se trata de um "processo fácil". "A gente sabe que isso gera ansiedade dentro de ambas organizações, sobretudo organizações que tem um pool de talentos, e talvez isso seja um dos grandes ativos, uma das grandes razões de fazer isso. Obviamente que hoje no Itaú e no Unibanco tem gente angustiada, ansiosa. Temos que administrar esse processo da melhor maneira possível", ressaltou. 'Efeito Santander'

Para Moreira Salles, o "efeito Santander" - que comprou o ABN, controlador do Real, e também o Banespa - influenciou na aceleração do processo de fusão com o Itaú. Segundo ele, a expansão do grupo espanhol colaborou para que o Unibanco decidisse aumentar sua participação no mercado nacional de forma mais rápida. "A gente tinha que dar um salto de escala", frisou.

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