A guerra de liminares ajudou a "esvaziar" a greve dos bancários, reduzindo em um terço o número de trabalhadores paralisados em Curitiba exatamente no dia em que o movimento completou uma semana. Ontem, interditos proibitórios concedidos pela Justiça em favor dos bancos reduziram de 15 mil para 10 mil o número de trabalhadores mobilizados e garantiu a abertura de cerca de 110 agências e quatro centros administrativos das redes HSBC e Itaú-Unibanco na capital.
Já no interior, o número de agências fechadas subiu de 238 para 275, com a adesão do sindicato de Arapoti, que representa 319 bancários em 38 agências, localizadas em 22 municípios do Norte Pioneiro do estado. Estima-se que 53% da categoria permaneça em greve em todo o estado.
O interdito proibitório, apesar de permitir a abertura das agências durante a paralisação, não obriga os funcionários a voltar ao trabalho. Mas, no caso dos bancos privados, a abertura das agências acaba forçando o retorno dos trabalhadores, com o temor de represálias e demissões. Por outro lado, 100% dos funcionários dos bancos públicos permanecem mobilizados pela greve.
Lotéricas
O volume de clientes que sacaram aposentadorias do INSS e Fundo de Garantia levou algumas lotéricas de Curitiba a ficar sem dinheiro, apesar do movimento de apostadores que sonham com o prêmio de R$ 115 milhões da Mega-sena. Andréia Arcanjo, gerente de uma rede de lotéricas, diz que mais da metade do movimento corresponde a clientes buscando serviços bancários. "A maioria vem pagar contas do dia a dia, como água, luz e telefone", conta. Muitos boletos de até R$ 1 mil e que ainda não venceram podem ser pagos nas lotéricas.
A professora aposentada Maria Esmeralda, que enfrentou fila para pagar sua conta de telefone, diz que, apesar do incômodo, considera a greve um direito dos trabalhadores. "Temos de enfrentar fila tanto no banco quanto na lotérica. No fim das contas, ainda acho que na lotérica o atendimento é mais rápido", avalia.
Caixas eletrônicos
Os caixas automáticos das agências bancárias permanecem funcionando normalmente, de acordo com compromisso assumido pelo Sindicato dos Bancários. Apesar da greve, quase todos os postos de autoatendimento permaneciam abastecidos com dinheiro para saques e operando pagamentos e depósitos ontem à tarde, no centro de Curitiba.
Apenas o serviço de depósito nos caixas eletrônicos do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal não podiam ser efetuados por falta de envelopes. Outras funções, como pagamento eletrônico de faturas e saques em dinheiro, estavam disponíveis.
Detran
O Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) divulgou comunicado informando que os veículos com o licenciamento vencido durante o período da greve dos bancários poderão trafegar com o documento de 2009 para fins de fiscalização. A medida vale apenas para os veículos com os finais de placa 83, 84, 85, 93, 94 e 95, cujo documento venceu durante o período da greve. Todos os outros carros continuam sujeitos a multa de R$ 191,54, além da apreensão do veículo e sete pontos na carteira caso seja autuados com licenciamento vencido.
A assistente social Alba Ruiz conta que o documento do seu carro venceu no último dia 29 segundo dia da greve , e que ela foi parada em uma fiscalização durante o fim de semana. " A polícia liberou, mas informou que eu teria de pagar o licenciamento o mais rápido possível", relata. Ontem ela tentava, sem sucesso, pagar o documento nos caixas automáticos do Banco do Brasil. Como não é correntista do banco, o boleto do licenciamento só pode ser pago nos caixas, que permanecem fechados em função da greve. "É um transtorno. O Detran não aceita o pagamento, o banco está fechado e eu corro o risco de ser multada a qualquer momento, já que a polícia não quer nem saber se os bancos estão em greve ou não", reclama. Segundo o Detran-PR, o Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) já foi comunicado sobre o novo procedimento.