• Carregando...

Brasil é pioneiro na técnica

A tecnologia de captação e beneficiamento do metano liberado durante a decomposição do lixo já é usada por uma das sócias da J.Malucelli no consórcio que venceu licitação para operar o aterro do Rio de Janeiro. A Biogás Energia Ambiental foi a primeira empresa do país a gerar energia a partir do biogás, na usina termelétrica de Bandeirante (município de São Paulo).

O biogás captado resulta em potência elétrica de 20 MW e gera até 170 mil MWh de energia elétrica, suficiente para abastecer uma cidade de 400 mil habitantes durante 10 anos. De acordo com a empresa, essa é a maior utilização de biogás para a produção de energia do mundo.

Os gases captados deixaram de poluir a atmosfera e já renderam o equivalente a 1,7 milhão de toneladas de créditos de carbono, que ainda não foram emitidos mas já têm como compradora a empresa alemã KFW.

A tecnologia foi obtida junto à parceira holandesa Van der Wiel. "Ela só traz benefícios, mas os projetos sofrem com o licenciamento ambiental", explica o diretor técnico da usina, Antônio Delbin. Além do aterro de Novo Gramacho, a empresa constrói uma segunda usina (São João), também no município de São Paulo.

O grupo paranaense J. Malucelli parte para o ramo de bioenergia após vencer, no dia 15 de fevereiro, licitação para explorar o tratamento de lixo da cidade do Rio de Janeiro, um projeto que trará faturamento da ordem de R$ 44 milhões ao ano. Por meio de parceria com duas empresas paulistas, a intenção é captar o metano liberado pela decomposição dos dejetos para venda de biogás ou queima em termelétrica e venda de créditos de carbono.

A licitação realizada pela prefeitura do Rio de Janeiro avaliou propostas do porcentual que lhe caberá do faturamento com a venda dos créditos, cujo valor total é estimado em R$ 253 milhões para o período de concessão de 15 anos. A proposta vencedora, que ofereceu 27,7% dos créditos, foi feita pelo Consórcio Novo Gramacho, em que a J. Malucelli Construtora de Obras tem 25% de participação, a Biogás Energia Ambiental tem 50% e a S.A. Paulista de Construções e Comércio, outros 25%.

Passado o período de 30 dias em que as empresas vencidas podem recorrer do resultado da licitação, o consórcio começa a operar o recebimento e processamento do lixo, serviço pelo qual a prefeitura pagará R$ 1 milhão por mês. O chorume resultante da decomposição será tratado em uma usina para impedir a contaminação das águas, com técnica já usada pelo grupo paranaense em usina protótipo de Paranaguá, no litoral do estado.

O segundo passo será instalar tubulações e coberturas que canalizem o gás liberado pela decomposição do lixo e uma usina de beneficiamento do metano – ao custo total de R$ 27 milhões.

Com a estrutura montada, será possível vender o biogás a indústrias ou refinarias de petróleo. Outra opção seria construir uma termelétrica no local para produzir energia. De acordo com o diretor comercial do braço de obras da J.Malucelli, João Francisco Bittencourt, a potência elétrica da usina seria de 20 MW, suficiente para abastecer uma cidade de 100 mil habitantes.

Com isso será possível explorar o biogás que hoje é perdido, equivalente a cerca de R$ 15 milhões/ano. O último passo é certificar o projeto junto à Organização das Nações Unidas (ONU) para a venda de créditos de carbono, que devem render R$ 17 milhões/ano pelo preço atual. "Já temos organizações européias interessadas na compra", informa Bittencourt.

O consórcio também deverá encerrar o aterro dentro de 15 anos, quando ele deve ser transformado em morro gramado, técnica usada na Alemanha.

O presidente do grupo, Joel Malucelli, considera o projeto um "abre-alas" para muitos outros. "Qualquer aterro de município com 1 milhão de habitantes comporta a exploração de metano", diz. O lixo gerado pela região de Curitiba, concentrado no aterro da Caximba, em Mandirituba, seria ideal por estar no limite da capacidade, segundo ele. A licitação para a exploração do aterro deve ser aberta nos próximos meses.

Além de prever a entrada em novos projetos de gás, o grupo J. Malucelli estuda a viabilidade de produzir biodiesel feito com soja, no Ceará, e tem três projetos de pequenas centrais hidrelétricas à espera de licenciamento.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]