O governo do Japão aprovou hoje um orçamento extra de 2 trilhões de ienes para lidar com as consequências do desastre provocado pelo terremoto e pelo tsunami ocorrido em 11 de março. Analistas esperam que o orçamento seja aprovado sem dificuldades pelo Parlamento, após a oposição indicar que o apoiará. O primeiro pacote extra para lidar com os desastres foi aprovado em maio e tinha o volume de 4 trilhões de ienes.
No entanto, impasses políticos em torno de outras medidas econômicas despertam preocupações do mercado sobre se o governo será capaz manter o apoiar à frágil recuperação econômica do país. Entre as outras medidas estaria um terceiro orçamento extra que poderia chegar a 10 trilhões de ienes.
O ministro das Finanças, Yoshihiko Noda, observou hoje que os partidos da oposição continuam a bloquear a aprovação da lei sobre emissão de títulos - um ponto crucial para financiar 40% do orçamento principal para o ano fiscal iniciado em abril. Caso o impasse persista, o governo pode ter de começar a cortar seus gastos já em setembro.
O novo orçamento inclui 275,4 bilhões de ienes em compensação para os afetados pela crise na usina nuclear Daiichi, em Fukushima, bem como 545,5 bilhões de ienes em isenção fiscal para governos locais, além de 800 bilhões de ienes em fundos emergenciais para futuras medidas de reconstrução. Esse pacote, que não envolve a emissão de novas dívidas, será financiado com quase todos os 2,011 trilhões de ienes que sobraram do orçamento fiscal do ano anterior.
"Este orçamento (aprovado hoje pelo governo) deve significar muito para aqueles que foram vítimas do desastre. Mas para as perspectivas macroeconômicas, seu impacto na economia será limitado", afirmou Toshihiro Nagahama, economista chefe do Instituto de Pesquisas Dai-ichi Life.
Os economistas já voltaram suas atenções para o próximo orçamento suplementar preparado pelo governo, que políticos indicaram que poderia ser de 10 trilhões de ienes, ou mesmo maior. Este pacote, porém, deve ter dificuldades para passar pelo Parlamento, especialmente se submetido pelo contestado governo do primeiro-ministro Naoto Kan. Parlamentares da oposição e até nomes da situação pedem a renúncia do atual premiê.