O Japão aprovou nesta sexta-feira (25) um orçamento recorde para o ano que vem, inflando as já grandes dívidas do país, estimadas em 484 milhões de dólares, em um momento no qual o primeiro-ministro enfrenta um escândalo político e a redução da aprovação popular.
As receitas com impostos recuam desde o início da crise financeira e o governo descumpriu uma promessa-chave da campanha eleitoral e limitou os novos empréstimos a 44,3 trilhões de ienes, um nível já preocupante para os mercados de títulos de dívida, uma vez que a dívida pública se aproxima de 200 por cento do PIB.
O premiê Yukio Hatoyama enfrenta eleições da Câmara Alta no ano que vem e alguns analistas dizem que sua coalizão pode ser tentada a gastar mais para estimular a economia, que recentemente deixou sua pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial.
Hatoyama, cujo Partido Democrático acabou com o antigo domínio conservador em agosto, repetiu sua determinação de ficar no cargo apesar do indiciamento na quinta-feira de dois ex-assessores por conta de registros falsos para financiamento político.
"Gostaria de me assentar, corrigir o que precisar ser corrigido e fazer o meu melhor", disse Hatoyama a jornalistas na sexta-feira, o 101o dia do seu governo.
"O povo japonês pode ainda pensar que é difícil que eu não tenha sabido (sobre o incidente), mas eu disse tudo honestamente e espero que eles compreendam."
A mídia japonesa, disse Hatoyama --quarto premiê em três anos-- pode ter que renunciar se os eleitores não acreditarem.
Os democratas assumiram o poder prometendo enfraquecer os burocratas, erradicar os gastos desnecessários e focar nos consumidores, não nas empresas, como fazia o Partido Liberal Democrático, derrotado nas eleições.
Mas pesquisas mostram que o apoio ao governo caiu abaixo dos 50 por cento, depois de começar nos 70 por cento.